Título: Dólar volta ao valor de maio de 2001
Autor: Silvana Rocha, Mario Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2005, Economia & Negócios, p. B22

Expectativa de novos fluxos de moeda americana faz comercial cair 0,36%, para R$ 2,213; crise provoca recuo da Bolsa

O dólar teve a quinta queda consecutiva, desta vez de 0,36%, para R$ 2,213, a menor cotação desde 4 de maio de 2001 (R$ 2,212), apesar do leilão de compra pelo Banco Central. Neste mês, a desvalorização da moeda americana frente ao real é de 1,73%, e no ano chega a 16,62%. O paralelo recuou 0,97%, para R$ 2,463, a Bovespa perdeu 0,68%, em novo dia de realização de lucros, ainda prejudicada pela crise política, enquanto os juros futuros projetaram queda. Já o risco país ficou estável, em 355 pontos, e o A-Bond caiu 0,15%, vendido com ágio de 2,60%. As tesourarias de bancos que compraram dólares na abertura, na expectativa do número de empregos criados nos Estados Unidos - que ficou em 56 mil, bem abaixo dos 124 mil esperados -, devolveram posições e reforçaram a oferta depois do leilão de compra do BC. A criação de menos empregos, neste momento, significa menor pressão inflacionária de demanda, o que levaria o Federal Reserve a não acelerar o processo de alta do juro básico.

Mas o estímulo à venda continua sendo a previsão de novos fluxos cambiais positivos e de uma outra emissão soberana. Comenta-se a possibilidade de reabertura do Global 2034 (o BR-34), cuja emissão inicial de US$ 1,5 bilhão ocorreu em janeiro de 2004.

No leilão, o BC comprou moeda americana a R$ 2,222. Voltaram a circular rumores de que as revistas semanais farão novas denúncias contra o governo, mas isso não influiu no mercado cambial. Na BM&F, os quatro vencimentos futuros de dólar negociados projetaram queda.

Na Bolsa, alguns investidores voltaram a realizar lucros, e outros aproveitaram o aparecimento de novos ingredientes na crise política para vender ações. O movimento financeiro ficou em R$ 1,615 bilhão.

Operadores comentaram que a liquidez internacional está ajudando a Bovespa. "Num certo momento, parecia que os estrangeiros estavam tirando o time de campo. Mas isso não se confirmou", comentou um deles. Em outubro, a saída líquida de capital externo da Bolsa paulista foi de R$ 59,071 milhões. No acumulado do ano, o saldo é positivo em R$ 4,026 bilhões.

As maiores altas foram de TIM Par ON (4,03%), Sadia PN (3,94%) e Tele Leste Celular PN (3,67%). A maior queda foi de Telesp Celular Par PN (5,13%).