Título: São Paulo tem a maior perda de participação no PIB
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

Estado detém 31,8% da produção de riquezas, mas redução no ano foi de R$ 12 bi

O primeiro ano do governo Lula foi de estagnação para a economia paulista. O Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo registrou variação zero em 2003, com expansão nula da indústria e queda de 0,5% na agropecuária. O grupo dos quatro Estados mais ricos - formado também por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul - perdeu participação na economia nacional de 1985 a 2003, como mostram os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a maior perda foi mesmo a de São Paulo, que teve a participação mais baixa de toda a série: 31,8% do PIB. Em 1990, a parcela do Estado foi de 37% e, em 1992, de 32,6%.

Como cada 1% do PIB equivalia a R$ 15,5 bilhões em 2003, São Paulo perdeu cerca de R$ 12 bilhões no período, segundo o IBGE. Enquanto a maior economia do País estava paralisada em 2003, o crescimento do PIB nos Estados mais vinculados ao setor agrícola foi bem superior à média do País (0,5%). Mato Grosso do Sul, por exemplo, cresceu 7,8%, beneficiado pela safra recorde de grãos.

Para o coordenador das Contas Regionais, Frederico Cunha, a reação da indústria paulista nos últimos dois anos poderá levar a região a ganhar participação no PIB a partir de 2004, após perdas sucessivas desde 1985. Ele explica que a estagnação da economia local se deve à conjuntura complicada de 2003: altas taxas de desemprego, queda dos salários e redução no consumo das famílias.

Segundo Cunha, como São Paulo é um Estado que depende da massa salarial e "qualquer fator que afete a demanda agregada interfere na indústria local", houve a piora na economia paulista. A queda de participação do Estado está vinculada à perda da fatia industrial. Em 1985, a indústria de São Paulo representava 51,6% de todo setor no País e em 2003 havia sido reduzida a 40,4%. Cunha avalia que essa mudança está relacionada a investimentos de indústrias leves, como a alimentícia, fora dos grandes centros e mais perto dos produtores agrícolas, a incentivos fiscais de outras regiões e à guerra fiscal que marcou boa parte dos anos 90.

Apesar da perda de participação, São Paulo continua liderando a economia do País. O Rio de Janeiro, segundo no ranking, detém quase um terço (12,6%) do porcentual da economia paulista. Cunha destacou que os dez maiores crescimentos do PIB em 2003 estiveram em Estados onde há forte presença da agropecuária na economia, como Mato Grosso do Sul e Goiás (5,1%).

As exceções são Amazonas (6,4%) e Acre (5,8%), 2.º e 4.º lugares no ranking do crescimento no ano. A economia amazonense foi beneficiada pelo crescimento da indústria (10%), por causa do aumento da produção de eletroeletrônicos na Zona Franca. No Acre, a indústria cresceu 25% naquele ano, puxada por alimentos e madeira.