Título: Okamotto terá de explicar hoje dívida de Lula
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2005, Nacional, p. A6

Convocado pela CPI dos Bingos para explicar hoje por que tirou do próprio bolso os R$ 29,43 mil para quitar dívida do presidente Lula com o PT, o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, será igualmente questionado sobre suas atividades como arrecadador do PT. Na série de denúncias reunidas pela comissão, ele aparece desempenhando papel semelhante ao de Delúbio Soares, o ex-tesoureiro, expulso do PT após comprovada sua atuação em esquemas de caixa 2. Mas Okamotto ainda tinha a vantagem de, como responsável pelas finanças do PT desde 1989, ser muito próximo de Lula. Sobre a dívida de Lula, o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), lembrou que foi o próprio Okamotto quem declarou ter feito o pagamento. "Já o presidente disse desconhecer quem pagou ao partido em seu lugar", afirmou. Até agora Okamotto não apresentou prova - recibo ou extrato de dinheiro sacado de sua conta - de que falou a verdade.

Ele foi convocado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) depois que os governistas impediram que a CPI dos Correios investigasse essa operação de débito de Lula. No requerimento, ACM lembra que no depoimento à CPI dos Bingos o advogado Rogério Buratti disse que a campanha de Lula recebeu recursos de empresários de bingos e máquinas caça-níqueis do Rio. "Faz necessária sua convocação (de Okamotto) para esclarecer as denúncias de Buratti", justificou ACM.

Os preparativos da comissão para o depoimento de Okamotto trouxeram à tona entrevistas do ex-secretário das Finanças de Campinas e São José dos Campos Paulo de Tarso Venceslau, no Estado e Jornal da Tarde. Venceslau foi expulso do partido em 1998, após denunciar achaques feitos às prefeituras petistas pela empresa do compadre de Lula, Roberto Teixeira, a Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM). Com base no que viveu, ele se refere a Okamotto como "aquela figura que circulava pelas prefeituras petistas, sempre tentando ver alguma forma de arrecadar algum recursos para o partido". "Ele era o homem de confiança do Lula, o homem das finanças de Lula, o homem da caixa preta", acusou.

Amanhã, a CPI dos Bingos ouve a empresária dona do Expresso Guarará, Rosângela Gabrilli. Cinco dias depois da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ela denunciou ao Ministério Público que os donos de empresas de ônibus da cidade eram obrigados a contribuir para o caixa 2 do PT.