Título: BB nega que dinheiro tenha ido para o PT
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2005, BB nega que dinheiro tenha ido para o PT, p. A15

Em nota, banco afirma que não há "fato material" e sustenta que conclusões do relator da CPI não passam de "ilações"

O Banco do Brasil negou ontem que os recursos do fundo Visanet tenham ido parar nas contas do PT, conforme conclusão do relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Em nova nota oficial, emitida menos de 24 horas depois da primeira, o BB classifica a tese do relator da CPI de prematura e afirma que não passa de "ilações" a vinculação de que os recursos transferidos pela Visanet à agência de publicidade DNA, do empresário Marcos Valério, tenham sido depois desviados para o partido político. "Não existe fato material para que essa afirmação seja feita", diz a nota do Banco do Brasil. De acordo com o BB, os R$ 9,1 milhões, sem comprovação, que o deputado diz que saíram do BB para a DNA e de lá para o banco BMG, que simulou um empréstimo para acobertar a transferência de recursos para o PT, ainda estão pendentes de conciliação. O BB explica que a comprovação do uso desses recursos não foi feita devido à rescisão do contrato com a agência de Marcos Valério.

De acordo com o BB, dos R$ 9,1 milhões não comprovados, R$ 4,9 milhões são efetivamente de serviços prestados, com notas fiscais emitidas e tudo o mais. Só que essas notas ainda estão em poder da DNA e, portanto, pendentes de confirmação de pagamento aos fornecedores junto ao BB. Outros R$ 2,8 milhões, segundo a instituição, referem-se à sobra de montante destinado à realização de 66 ações de marketing, pendentes de pagamento ou acerto de contas, cujos serviços foram realizados ou estavam em andamento quando da rescisão do contrato com a agência de publicidade, que ocorreu em julho deste ano.

LASTRO

"Ou a agência comprova a utilização dos recursos ou devolve o dinheiro ao banco", explicou um assessor. O mesmo, segundo ele, vale para a parcela restante de R$ 1,3 milhão do saldo do adiantamento sem destinação. Com base nessa explicação, o BB assegura na nota que "não há por que deduzir, apressadamente", que os R$ 9,1 milhões foram o lastro que teria garantido a transferência de valores para outras contas ou destinatários.

O BB também argumentou que a diferença de R$ 15,5 milhões entre os valores divulgados na primeira nota, de R$ 58,3 milhões, referentes aos recursos transferidos à DNA, e a tabela distribuída pelo relator, que totaliza R$ 73,8 milhões diz respeito a valores que não foram objeto de questionamento pela CPI.

O BB ainda informou que já adotou as medidas necessárias para a apuração dos fatos. O adiantamento de recursos sem a comprovação de serviços prestados foi interrompido em setembro do ano passado, quando uma auditoria de rotina apontou a possibilidade de falhas e vulnerabilidade do sistema. Nova auditoria está em andamento para apurar eventuais desvios de conduta de funcionários.