Título: MST ameaça invadir usina em Pernambuco
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2005, Nacional, p. A14

Depois de anunciar que invadiriam ontem as terras da Usina Estreliana, em Gameleira, a 100 quilômetros do Recife, o Movimento dos Sem-Terra (MST) transferiu a mobilização para hoje. Os sem-terra vão se agrupar na BR-101, nas proximidades da empresa, enquanto aguardam o resultado de uma reunião convocada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para negociar com representantes da usina, da Justiça Federal e da segurança pública do Estado. O líder regional do movimento, Jaime Amorim, não adiantou o que poderá ocorrer após a reunião: "Vamos decidir na hora."

Na última quarta-feira, cerca de 150 sem-terra bloquearam por nove horas e meia a rodovia, na altura do quilômetro 159, e incendiaram uma carregadeira de cana-de-açúcar e uma área de canavial plantado da usina.

Eles protestavam contra a decisão do juiz da 7ª Vara Federal, Hélio Wanderley, de suspender a imissão de posse das terras do engenho Pereira Grande - pertencente à Estreliana.

O juiz argumentou que os trabalhadores ocuparam as terras do engenho, inviabilizando a desapropriação, com base na Medida Provisória que impede vistorias de áreas invadidas durante dois anos. O MST e o Incra afirmam, no entanto, que a área não foi invadida.

A superintendente do Incra no Estado, Maria de Oliveira, disse que a sua expectativa, ao reunir todos os envolvidos, é buscar a paz no campo. Nesse caso específico, ao seu ver, a paz está nas mãos da Justiça.

O engenho Pereira Grande, de 1,8 mil hectares, foi desapropriado pela União em 2002, considerado improdutivo. Há mais de duas semanas, saiu a imissão de posse da terra, que daria ao Incra o poder de iniciar o processo de assentamento de cerca de 120 famílias.