Título: Setubal defende corte gradual
Autor: João Caminoto, Rita Tavares e Patrícia Fortunato
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

Um corte drástico na taxa básica de juros seria negativo no médio prazo e poderia levar à nova alta, afirmou o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, para quem a redução da Selic deve ser lenta. Mas, lembrou, os bancos seriam beneficiados com uma taxa menor. Segundo ele, o ganho das instituições financeiras seria decorrente do incremento da carteira de crédito - que já vem garantindo resultados fortes aos bancos. 'Quanto menores os juros, mais vamos vender crédito e menor será a inadimplência. Com isso, a rentabilidade será melhor', comentou. 'Gostaria de ver uma queda na taxa de juros, mas uma queda com consistência. A redução tem de ser feita com cuidado', afirmou Setubal, durante almoço com empresários da área da construção civil no Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). O executivo elogiou ainda a atuação do Banco Central, que, em sua avaliação, 'acertou mais do que se poderia supor'. 'O BC) conseguiu controlar a inflação, o crescimento da economia ficará acima de 3% e o superávit comercial alcançará US$ 35 bilhões.' Conforme Setubal, a expectativa é a de que a economia brasileira mantenha o ritmo de crescimento verificado em 2005 e encerre o próximo ano com crescimento de 3% a 3,5%. 'É pouco, mas é a base para um crescimento sustentável e demonstra que é a consistência da política econômica que gera crescimento', destacou. ELEIÇÕES Ao contrário de 2002, acrescentou o presidente do Itaú, o período eleitoral do próximo ano não deve gerar grande volatilidade na economia, uma vez que os fundamentos são bastante diferentes. 'Pode até haver alguma volatilidade, mas a situação é completamente diferente de 2002 e a discussão não será tão extrema quanto foi', disse. Segundo Setubal, apesar de a expectativa ser otimista em relação a 2006, o País precisa promover ajustes na área fiscal. 'É justamente a questão fiscal que pode criar condições para ajustes do câmbio, dos juros...', afirmou o presidente do Itaú. 'Se o governo tivesse gastos nominais menores, poderia investir mais em infra-estrutura, por exemplo.'