Título: Recuperação do mercado será lenta
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2005, Economia & Negócios, p. B8

Será lenta a recuperação dos mercados bloqueados por embargos à carne brasileira. Sequer há uma data para o início da ofensiva, ou do despacho de missões comerciais com a finalidade de reabrir os 48 mercados vedados parcial ou totalmente após o surgimento dos focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul. A informação é da secretária de Relações Internacionais do Agronegócio (uma das divisões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Elisabete Seródio. "Não adiante fazer esse trabalho no meio da crise. Todos querem saber o que será feito em Mato Grosso do Sul e é preciso ter elementos suficientes para dar uma resposta sobre a situação no Paraná", diz Elisabete. A previsão da secretária encarregada da promoção do agronegócio nacional é que o prejuízo com a crise da aftosa fique entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões este ano, e a previsão inicial seria a de exportar US$ 3 bilhões em carne bovina.

Ainda assim, a secretária adotou estratégia para "aproveitar as oportunidades". Usará todos os contatos com países que aplicaram alguma restrição à carne brasileira para buscar um acordo. A meta é conseguir, senão a suspensão do embargo, a flexibilização dos bloqueios.

Por isso, ela aproveita a missão que está visitando a Argélia. A partir do dia 23, Elisabete se reunião com representantes do governo indonésio em São Paulo para tentar "restabelecer o bom senso", ou seja, flexibilizar os embargos, que neste caso alcançaram até máquinas agrícolas e farelo de soja. O recuo de Israel, que havia embargado a carne procedente de todo o País, foi classificado como "medida de bom senso".

COMUNICAÇÃO

Embora ainda seja necessária a suspensão do estado de emergência sanitária no País, há pelo menos uma ação internacional estruturada que começará em breve. Como a reportagem do Estado antecipou, governo e entidades privadas do setor de carnes irão contratar uma agência internacional para melhorar a comunicação externa do País. Segundo Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o projeto custará R$ 700 mil. O investimento será pago pelo governo e setor privado. Elisabete informou que já há negociações em curso para a contratação da agência.