Título: Argentino atribui ao FMI queda de presidentes
Autor: PAULO SOTERO
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2005, Nacional, p. A5

A condição de anfitrião da 4.ª Cúpula das Américas não impediu o presidente da Argentina, Néstro Kirchner, de dizer exatamente o pensa sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI) nem a criticar o apoio dos Estados Unidos a políticas da instituição na presença do presidente George W. Bush. "As políticas aplicadas aumentaram a instabilidade institucional que provocou a queda de governos democraticamente eleitos e a perda de credibilidade da democracia", disse Kirchner, referindo-se à queda do presidente Fernando de la Rua em meio à quebra financeira do país em 2001, na abertura de uma reunião que tem a promoção da democracia com um dos temas. Adotando uma retórica semelhante a do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o líder argentino pediu a seus colegas que falassem de forma clara. "Porque nossos povos, pobres e necessitados, precisam que falemos em voz alta e não em voz baixa", disse Kirchner.

O líder argentino acusou o FMI de engajar-se num "exercício perverso" ao colocar condições e obstáculos para o refinanciamento da dívida de seu país. "Querem nos impor as mesmas políticas que conduziram ao calote de 2001", disse ele.

RACIONALIDADE

Kirchner afirmou que os Estados Unidos "têm a possibilidade de colocar um fim a esta situação" e ajudar a introduzir "racionalidade" nas políticas dos organismos financeiros exercendo uma "liderança responsável".