Título: Depois de um terceiro trimestre ruim, analistas projetam um bom fim de ano
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

Os dados oficiais só serão divulgados no dia 30, mas já se sabe que o terceiro trimestre foi ruim para a atividade. As projeções apontam para uma variação de 0% a 0,5%. Mas os analistas esperam um final do ano "muito positivo", com vendas fortes no Natal e a possibilidade de registrar os três melhores meses para a atividade em 2005. O resultado disso será um início de 2006 muito favorável, segundo eles. O economista-sênior da Itaú Corretora, Paulo Hermanny, está otimista em relação ao último trimestre de 2005. "Depois de registrar o terceiro trimestre como o pior do ano, o último deverá ser o melhor do ano", estima, sem mencionar números. Além do cenário externo, afirma, a recuperação será favorecida também pela queda da taxa básica de juros.

Este prognóstico para a atividade, segundo Hermanny, é facilmente ilustrado pelas revisões feitas pela corretora para o PIB deste e do próximo ano. A perspectiva de expansão para o PIB de 2005 passou de 3,6% para 3,1%, e para o de 2006 passou de 3,8% para 4,1%. O economista destacou que os investidores domésticos estão mais preocupados com questões como a fiscal e a possibilidade de o ministro Antonio Palocci sair do governo do que os estrangeiros

José Luciano Costa, da Unibanco Asset Management (UAM), também espera recuperação no último trimestre. "Por isso, o BC não pode ser muito cauteloso, para não frustrar os negócios do início de 2006", afirma. Ele projeta uma queda na Selic de 0,5 ponto porcentual, mas admite que a chance de um corte de 0,75 ponto "é grande".

Costa acredita que as vendas de Natal serão boas, mas alerta para a possibilidade de não serem tão fortes. "Se o Natal frustrar as expectativas, o cenário do primeiro trimestre ficará mais complicado", disse Costa, cuja estimativa para o PIB deste ano é de crescimento de 3%.

O economista-chefe da Convenção Corretora, Fernando Montero, espera um PIB "ruim" no terceiro trimestre, mas prevê crescimento e recuperação no último trimestre. "Apostamos em um bom Natal e em uma virada de ano boa", diz, justificando os números recentes negativos com um atraso das encomendas.