Título: Países ampliam embargo à carne
Autor: Fabíola Salvador e Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

A Argentina anunciou ontem que vai endurecer o embargo a carnes e derivados brasileiros. Em vez de deixar de comprar produtos dos cinco municípios de Mato Grosso do Sul onde foram encontrados focos da doença, o país resolveu estender a proibição aos produtos de todo o Estado e também Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os importadores da Ucrânia comunicaram à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) que o Brasil será integralmente embargado. O país havia bloqueado só São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A informação, segundo a Abiec, deve chegar hoje ao governo brasileiro.

A decisão da Argentina surpreendeu o Ministério da Agricultura, quando o governo e o setor privado ainda comemoravam a decisão de Israel de retomar parte do comércio de carnes e derivados com o Brasil.

Num dia de más notícias, Líbano e Marrocos anunciaram a suspensão da compra de produtos brasileiros, elevando para 51 o número de mercados fechados total ou parcialmente desde o início da crise. De acordo com a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, Líbano suspendeu as compras de ruminantes, suínos e carnes bovina e suína de Mato Grosso do Sul. Já o Marrocos proibiu as compras de carne bovina de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

Além do mais, o Ministério da Agricultura confirmou ontem mais um foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Com esse, já são 25 os casos confirmados da doença no Estado.

Para contrabalançar, o governo acredita ter convencido a Argélia a retomar o comércio de carne com o Brasil, ao menos parcialmente. O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Mario Mugnaini, disse que o país deverá retomar suas importações de carne e derivados, mantendo suspensos apenas os produtos de Mato Grosso do Sul e do Paraná.

Há dúvidas sobre se os argelinos liberarão a compra de carne de São Paulo, como quer o governo. A estratégia era pedir para manter o embargo só para Mato Grosso do Sul, onde foram encontrados focos. Mas Mugnaini disse que a restrição também deve permanecer sobre o Paraná, onde existem dúvidas se há animais doentes.

FISCAIS

Foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União a Portaria Interministerial nº 329, que autoriza o Ministério da Agricultura a contratar emergencialmente 500 profissionais da área de agronomia e medicina veterinária. Eles vão atuar na vigilância e inspeção relacionadas à defesa agropecuária nos portos e aeroportos, para reduzir os impactos da greve dos fiscais federais agropecuários.

Serão contratados 180 engenheiros agrônomos e 320 médicos veterinários, com remuneração de R$ 3.770. Segundo a portaria, assinada pelos ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, o prazo de contratação será de 60 dias, a partir da assinatura dos contratos, podendo ser prorrogado, desde que sua duração não ultrapasse dois anos.

A greve dos fiscais começou no dia 7 de novembro em todo o território nacional. Os fiscais querem reajuste e isonomia entre ativos, aposentados e pensionistas.