Título: Safra 2005 será 5% menor que a de 2004
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

A safra brasileira em 2005 não deverá ultrapassar 112,7 milhões de toneladas, volume 5% menor que o do ano passado, divulgou ontem o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume colhido é quase 20 milhões de toneladas menor do que a projeção do início do ano, de 130 milhões de toneladas, inviabilizada pelos problemas climáticos no Sul do País.

Os dados divulgados ontem correspondem à décima estimativa para a safra. O IBGE já divulgou anteriormente o primeiro prognóstico para a safra 2006, que deve atingir 126,6 milhões de toneladas. Mas o instituto divulga previsões revisadas para a safra atual até o fim deste ano.

"Se tivéssemos alcançado em 2005 a safra prevista de 130 milhões de toneladas, teríamos muitos problemas de logística", disse ontem Biramar Nunes, técnico do Ministério da Agricultura. Em congresso sobre o agronegócio na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ele afirmou que o Brasil poderá produzir 260 milhões de toneladas de grãos "em 10 ou 20 anos".

Para efetivar esse potencial nos próximos anos, alertou, será necessário abrir mercado para os produtos brasileiros e elevar investimentos em infra-estrutura e logística. Ele explicou que o Brasil tem possibilidade de aumentar em 106 milhões de hectares a área a ser cultivada com grãos, sem prejuízo ambiental. Hoje, são cultivados cerca de 47 milhões de hectares.

Entre os produtos da safra 2005 analisados, os que apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação a 2004 foram feijão em grão 2ª safra (7,09%), feijão em grão 3ª safra (15,20%), mamona (38,42%) e soja em grão (3,12%).

A variação foi negativa para as culturas de algodão herbáceo (-3,86%), arroz em casca (-0,12%), feijão em grão 1ª safra (-3,03%), milho em grão 1ª safra (-12,95%), milho em grão 2ª safra (-28,43%), sorgo em grão (-27,34%) e trigo em grão (-12,75%).

Os únicos produtos que ainda estão em fase de colheita são o feijão em grão 3ª safra e o trigo. O primeiro tem sido beneficiado pelos bons preços praticados, enquanto a produção tritícola está sofrendo perda de produtividade com o excesso de chuvas nas regiões produtoras.