Título: UE tenta adiar prazo para fim de subsídios ao açúcar
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

O Brasil pode ter vencido a disputa contra os subsídios europeus na União Européia para o açúcar, mas poderá ter de esperar até 2010 para ver resultados concretos dessa vitória. Ontem, em Bruxelas, a Comissão Européia propôs aos 25 países membros do bloco que o período de transição para uma redução nos subsídios seja de quatro anos a partir de 2006. No projeto inicial, a reforma ocorreria em dois anos. Mas países como Irlanda, Espanha e Itália e outros oito governos atacaram a idéia, que prevê corte de 39% nos preços mínimos pagos aos produtos de açúcar da União Européia.

O maior prazo para execução da reforma, portanto, seria uma última tentativa para convencer a oposição a aceitar a aprovação da redução dos subsídios nesta semana. Os ministros de Agricultura da Europa estão reunidos em Bruxelas para tratar desse tema, considerado delicado, pois envolve subsídios existentes há 40 anos.

A notícia não foi bem aceita pelo Brasil. O País insiste que, pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), os europeus têm até maio de 2006 para retirar os subsídios ilegais, sob pena de retaliação. Pela condenação da entidade, a União Européia precisa retirar do mercado por ano mais de 1,2 milhão de toneladas de açúcar existentes no mercado internacional graças a subsídios ilegais. Com a redução dos subsídios, os europeus alegam que podem deixar de ser exportadores para se tornarem importadores do produto. Já os produtores tentam pressionar as autoridades alegando que 100 mil empregos poderiam desaparecer.

Mas nem todos estão contra a proposta de Bruxelas. Para produtores competitivos da Alemanha, Dinamarca e Reino Unido, a proposta poderá ser aceita.