Título: Fabricantes já vêem melhora de vendas
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B9

O PC para Todos ainda não se provou como programa de inclusão digital, de acesso de pessoas de baixa renda à tecnologia, mas já teve resultados positivos como política industrial. A redução de impostos baixou o chamado mercado cinza, que usa peças contrabandeadas e sonega impostos, levou os fabricantes a lançarem máquinas mais baratas e incentivou a demanda por computadores. A consultoria IDC prevê que este ano o mercado brasileiro de PCs chegará a 5,2 milhões de unidades, um crescimento de 30% sobre 2005. A participação dos fabricantes ilegais caiu de 74% em 2004 para 65% em agosto. Desde o governo passado a indústria defendia um pacote de medidas contra o mercado cinza. A "MP do Bem" está fazendo com que gigantes internacionais voltem ao varejo no Brasil. A HP anunciou no começo do mês sua primeira linha para o consumidor final. A chinesa Lenovo, que comprou a Divisão de PCs da IBM, se prepara para fazer o mesmo.

O PC popular, com preço de até R$ 1,4 mil, ainda está difícil de ser achado nas lojas. Mas a partir da semana que vem, o quadro começa a mudar. A Positivo Informática, maior fabricante de PCs do País, despacha amanhã seu primeiro lote homologado, com 6 mil máquinas, para o Ponto Frio. "Outras redes estão para fechar os pedidos", afirmou João Marcelo Alves, diretor de Marketing da Positivo. "Na primeira quinzena de novembro já vendemos 30% mais computadores que no fim de outubro."

O PC para Todos, que se chamou PC Conectado, acabou saindo sem o serviço especial de acesso à internet, com 15 horas a R$ 7,50. "Vai levar pelo menos 2 meses para as operadoras oferecerem este acesso", afirmou Cezar Alvarez, assessor da presidência e coordenador do projeto. Foi publicado um decreto presidencial genérico, que dá poderes ao Ministério das Comunicações para decidir sobre os programas de inclusão, e o governo prepara um segundo, para criar o serviço.

Os provedores de acesso à internet reclamaram que o serviço foi negociado com as operadoras. "Não incluiremos o preço de um provedor pago no pacote", afirmou Alvarez, para quem este tipo de negociação deve ser feito entre as empresas. O serviço deve ter uma numeração especial, que permitirá às empresas cobrarem a tarifa diferenciada. A regulamentação do setor impede que as operadoras ofereçam acesso diretamente.