Título: Crédito para PC tem pouca procura
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. B9

É baixa a procura pelo financiamento oferecido pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal para a compra do computador popular. Do início do mês até agora, apenas 20 propostas foram apresentadas ao BB e, na Caixa, apenas 18 pessoas formalizaram suas propostas. Por isso, o governo federal decidiu realizar campanha promocional a partir da segunda semana de dezembro nas rádios e televisões para divulgar o programa, disse ontem o assessor especial da Presidência, Cezar Alvarez. As duas instituições financeiras juntas têm 17 milhões de clientes com crédito pré-aprovado para esta finalidade e recursos da ordem de R$ 250 milhões. A expectativa do governo é que o Natal ajude a aumentar a procura.

O computador popular terá uma redução de preço da ordem de 9,25%, por causa da isenção de impostos constantes da chamada MP do Bem, transformada em lei na última segunda-feira.

A MP reduz para zero as alíquotas da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da contribuição ao Programa de Integração Social (PIS), como parte do programa Computador para Todos. De acordo com Alvarez, o computador tem um preço médio de R$ 1.750, com as isenções, este preço caiu para R$ 1.400, embora já se encontre no mercado por R$ 1.200. A isenção, porém, atinge computadores de até R$ 2.500, para concorrer com os equipamentos contrabandeados.

Ao fazer a propaganda, o governo quer incentivar as famílias que ganham pouco mais de três salários a comprarem o computador, dentro de seu projeto de ampliar o acesso da população à internet. "A intenção de consumo de um equipamento como esse é muito forte, porque significa perspectiva de acesso ao conhecimento, trabalho, instrumento de apoio na economia informal e lazer", afirmou o coordenador. Para facilitar o acesso, esclareceu ele, a taxa de abertura de crédito cobrada pelo bancos não será superior a R$ 40, enquanto normalmente costume ser de R$ 80 ou R$ 90. A taxa de juros sobre o empréstimo será de 2% ao mês. Os financiamentos são em até 24 prestações e a estimativa é que a parcela seja de R$ 70 (com juros).

Além dos clientes do BB e CEF terem linhas de crédito nos bancos, o varejista também pode solicitar crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o compromisso de que irá repassar o recurso para o consumidor final, por meio do crediário da loja, com taxas de juros de até 3% ao mês, conforme informou César Alvarez. A empresa terá cerca de 30 meses para quitar o empréstimo e seis meses de carência para começar a pagar o BNDES, que tem R$ 300 milhões para aplicar no programa. Até agora, segundo Alvarez, apenas uma empresa teve crédito aprovado no BNDES.

Ainda de acordo com Cézar Alvarez, as empresas credenciadas para pegar empréstimo do BNDES para a compra de computadores precisam ser credenciadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia para identificar o computador que irá receber o crédito. Com isso, o governo quer impedir que, eventualmente um equipamento contrabandeado e vendido no mercado negro receba o crédito.