Título: Política econômica também divide empresários
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Nacional, p. A7

O debate em torno da manutenção da política econômica reflete-se no empresariado. Em evento no Rio, representantes de empresas que dependem do mercado interno avaliam que é chegada a hora de questionar a manutenção de metas de superávit primário de 4,25% do PIB para impulsionar investimentos em infra-estrutura. Já executivos do setor bancário e exportador opinam que a estabilidade gerada pela disciplina fiscal da gestão do ministro Antonio Palocci deve ser mantida.

"Quando a economia já está consolidada como agora, tem de pensar no desenvolvimento econômico do País. Esse ajuste fiscal foi para dar consistência no curto prazo, mas o Brasil precisa de investimento na infra-estrutura", considera o presidente da TIM, Mario Cesar de Araujo. Para ele, está na hora de flexibilizar o ajuste fiscal, para que o País não viva "com uma minguada taxa de desenvolvimento".

Presidente do maior banco privado brasileiro, o Bradesco, Márcio Cypriano avalia que o mais importante é a estabilidade da moeda. O executivo ressalta que foi o ajuste que blindou a economia contra o "tiroteio político" que está ocorrendo no País. "Temos de lutar para manter essa estabilidade econômica. Por meio dela é que o País está equilibrado, o risco Brasil tem reduzido constantemente, a bolsa está muito bem e as exportações continuam batendo recorde."

Segundo o executivo, deve haver cautela quando se defende o aumento da meta de superávit, que para este ano está projetada em 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB). "Não pode nem ter ajuste muito rígido nem flexibilização. Acho que a política econômica está dentro daquilo que vem dando resultado."

A estabilidade do real foi a principal vitória de Palocci para José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors (GM) do Brasil. Segundo ele, porém, é possível o País ter crescimento diante do objetivo de Palocci de alongar a disciplina fiscal para manter a estabilidade.

A atual política econômica, "mais do que correta, é a única" e a alternativa seria uma "hecatombe", segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, que defendeu ontem a permanência de Palocci.

"Se ele sair e a política for mantida, acho ruim. Palocci é o símbolo dessa política. Se ele sair e mudar a política, é uma hecatombe, 180 milhões de pessoas serão prejudicadas."