Título: Aécio: 'Presença dele é importante para o Brasil'
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Nacional, p. A7

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que o presidente Lula demonstrou preocupação em relação ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no encontro que tiveram no Palácio do Planalto. Mas contou que o presidente deixou claro que o ministro permanecerá no comando do Ministério da Fazenda. Segundo Aécio, Lula reiterou várias vezes que a presença de Palocci no governo é importante para o crescimento da economia. "Senti no presidente uma disposição grande de manter Palocci à frente da economia. Seria surpresa (para mim) se ele saísse", declarou Aécio. "Pessoalmente, acho que a presença de Palocci é saudável", comentou o governador. "A não ser que surjam fatos absolutamente novos e fora de controle, acho que, para o Brasil, a presença do ministro Palocci é importante. Sobretudo nós do PSDB, que temos condições de vencer as eleições presidenciais, preferimos assumir um país com a economia estabilizada e com contratos honrados e não um país desorganizado."

O governador mineiro admitiu que em determinados momentos os tucanos fazem uma oposição inconseqüente e radical em relação ao governo. "A oposição que o PT fez ao governo Fernando Henrique Cardoso, radicalizada e inconseqüente, não serve de modelo ao meu PSDB", disse. "O PSDB tem uma referência na sociedade. Devemos fazer uma oposição dura e contundente, apontando as falhas do governo, mas que seja também construtiva."

Aécio evitou críticas diretas aos que estão cotados como possíveis candidatos tucanos à sucessão de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, José Serra. Mas avisou que uma candidatura do PSDB deve passar por Minas Gerais. "Uma candidatura não será uma decisão de um diretório regional", alertou.

Na conversa no Planalto, o presidente confirmou ao governador o repasse ainda esta semana de R$ 900 milhões para os Estados, de compensação da Lei Kandir, que isentou exportações de ICMS. Segundo Aécio, a partir da próxima semana os governadores estarão no Congresso para negociar com bancadas e relatores a garantia do repasse das reposições para o próximo ano. Ele avalia que em 2006 o governo pode repassar R$ 5,2 bilhões para os Estados. A rubrica estabelecida pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo é de R$ 4,3 bilhões.

ALCKMIN

Em Ribeirão Preto, cidade do interior que já teve Palocci como prefeito, o governador Geraldo Alckmin, ao contrário de seu colega de Minas, não poupou críticas ao governo federal e ao PT. Alckmin, que foi a Ribeirão inaugurar a 20ª unidade do Restaurante Bom Prato, disse que o Brasil vive o custo PT e a economia está no piloto automático. "Vivemos o fator positivo com a Lei de Responsabilidade Fiscal criada pelo presidente Fernando Henrique. Hoje não temos nada de positivo", reclamou o governador paulista. "A economia está no piloto automático. Você só controla a inflação com taxa de juros. Como há uma desilusão com o PT - o custo PT -, a dose tem de ser maior para obter resultado menor. Temos um crescimento baixo de 3,6%, enquanto países emergentes (crescem) até 7%."

Indagado se o presidente Lula não estaria em cima do muro em relação ao ministro Palocci, o governador disparou: "O Lula ouve, mas não escuta. Vê, mas não enxerga. Fala, mas não diz. Não se consegue uma palavra de firmeza. Há uma dubiedade em muitas de suas ações."