Título: Dirceu volta a ganhar tempo na luta pelo mandato
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Nacional, p. A10

O deputado José Dirceu (PT-SP) ganhou mais uma semana de prazo para tentar reverter a tendência de cassação de seu mandato no plenário da Câmara. A votação prevista para hoje foi mais uma vez adiada depois que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa acatou parte do recurso do petista contra o parecer do Conselho de Ética, o que provocou a necessidade de repetir fases do processo. A oposição ainda tentou cortar prazos e manter o julgamento no plenário hoje, mas esbarrou na falta de tempo para as questões formais do regimento.

O advogado de Dirceu, José Luís Oliveira Lima, comemorou a decisão da CCJ que, no entanto, foi apenas parcialmente favorável ao petista. "Espero que o Supremo Tribunal Federal acolha nossa tese, mas, caso não a aceite, o deputado tem mais uma semana para trabalhar sua defesa", afirmou. "Não estou confiante nem 'desconfiante', se é que existe essa palavra. Estou tranqüilo", afirmou Dirceu sobre a votação de hoje no Supremo.

No parecer aprovado ontem pela CCJ, o relator, deputado Sérgio Miranda (PDT-MG), concluiu que o processo não poderia ter sido remetido à Mesa da Câmara para a votação no plenário antes de julgamento de recurso na CCJ.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deverá ler novamente a conclusão do processo disciplinar de Dirceu na sessão de hoje e abrir prazo de duas sessões para a publicação do parecer. Para a cassação, são necessários 257 votos do total de 513.

MANIFESTAÇÃO

Um ato de apoio a Dirceu organizado pelo PT do Distrito Federal reuniu ontem cerca de 500 pessoas na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI). O homenageado defendeu a reeleição do presidente Lula e as realizações do governo petista. "Precisamos defender o presidente Lula na ruas do Brasil. Precisamos tirar uma tática para o ano que vem", disse.

Participaram do evento o vice-presidente José Alencar e os ministros Jaques Wagner (Relações Institucionais), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Nélson Machado (Previdência). "Não estamos preocupados com outra coisa, a não ser com a justiça. E eu não tenho dúvida de que ela será feita", afirmou Alencar.