Título: Relatório dos Correios pede indiciamento de 14
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2005, Nacional, p. A12

Relatório parcial apresentado ontem pelo sub-relator de contratos da CPI dos Correios, deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), propõe ao Ministério Público o indiciamento de dois ex-presidentes, dois ex-diretores de Operações e um ex-funcionário dos Correios, e nove empresários. Entre os acusados há ex-integrantes do do governo Fernando Henrique. Cardozo acusa a Skymaster, uma das companhias aéreas da Rede Postal Noturna dos Correios, de ter enviado R$ 69,7 milhões para o exterior, em 5 anos, com contratos de arrendamento de aviões simulados nas Ilhas Virgens Britânicas. Também aponta "suspeitas de tráfico de influência" sobre o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. Em 2003 a Skymaster teria procurado sua intermediação para que os Correios prorrogassem seu contrato. "Por si só, o intento de obter apoio político de Silvio Pereira nos leva a questionar que ascendência ele teria sobre a administração pública."

O deputado pede indiciamento de Hassan Gebrim, que presidiu os Correios por dois anos no governo FHC, e João Henrique Almeida, da cúpula do PMDB, presidente de março de 2004 a junho deste ano, dos ex-diretores Maurício Madureira, que teria sido indicado pelo PT, e Carlos Augusto Sena, que ocupou o cargo no governo FHC, e de José Garcia Mendes, ex-chefe do Departamento de Gestão Operacional no governo passado. "As irregularidades apresentadas neste relatório advêm na atividade de espoliar o erário desde 2000, o que revela que tal esquema fraudulento persistiu a diferentes diretorias e gestões administrativas dos Correios", afirma Cardozo. A CPI deve votar o texto na semana que vem.

A oposição classificou o relatório de parcial e uma represália ao que o sub-relator de movimentação financeira da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) apresentou há duas semanas. Na época, os petistas consideraram o relatório de Fruet parcial, por se referir apenas às transações financeiras de Marcos Valério no governo Lula, deixando de fora os tucanos.

"A primeira impressão é de que não houve equilíbrio no tratamento das responsabilidades na gestão dos Correios até 2002 e na gestão depois de 2002, no atual governo. O relatório compromete os dirigentes dos Correios em 2000, 2001 e 2002 e no atual governo só compromete a cúpula de 2004. Ou seja ficou 3 a 1", reclamou o deputado ACM Neto (PFL-BA), que pediu prazo para analisar o texto. Já os petistas consideraram o relatório "o melhor desenvolvido até agora e eivado de consistência", segundo destacou o deputado Jorge Bittar (PT-RJ).