Título: FHC elogia gestão econômica, mas diz que é herança sua
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Nacional, p. A10

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, durante visita à Espanha, que a gestão econômica do Brasil, sob o comando do ministro Antonio Palocci, é correta. Mas a afirmação não foi gratuita: segundo FHC, a avaliação positiva é conseqüência da continuidade de linhas macroeconômicas, cujos fundamentos foram adotados no seu governo. Fernando Henrique concordou com a hipótese, cogitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de manter o índice de superávit primário entre 4,6% e 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em vez de reduzi-lo para 4,25%, como previa a meta formal para este ano.

"Na situação atual brasileira, tenho alguma preocupação em relação ao equilíbrio fiscal, mas é provável também que seja necessário incrementar o superávit primário", opinou.

"Há certo consenso em relação a algumas matérias, certas linhas que devem ser seguidas, como a questão do controle fiscal, da responsabilidade fiscal, do controle da inflação e certa racionalidade macroeconômica", argumentou Fernando Henrique. "As críticas que faço são comportamentais, as relacionadas aos escândalos de corrupção, mas não têm orientação política."

ELEIÇÕES

Fernando Henrique comentou a última pesquisa CNT/Sensus, divulgada anteontem, indicando queda na popularidade do presidente Lula. "Qualquer um pode se candidatar, o negócio é ver se tem chances de ganhar", provocou, lembrando as disputas de 1994 e 1998, nas quais saiu abaixo de Lula nas primeiras pesquisas, mas acabou por superá-lo. "É necessário, antes, que o candidato se pergunte se tem credibilidade para que as pessoas votem nele e e que possa transmitir confiança à população. Esse é o problema que o Lula tem."

Reiterando o discurso que fez na convenção nacional do PSDB, na semana passada, FHC falou que seu partido tem boa perspectiva para 2006. "O PSDB tem muita chance de ganhar, mas não estou dizendo que ganharemos de antemão", destacou. "Mas também nunca acreditei nas pequisas que apontavam para a vitória de Lula."

O ex-presidente citou, como possíveis candidatos, o prefeito de São Paulo, José Serra, e os governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, Geraldo Alckmin. E reforçou que, dos nomes que citou, "os que mais têm chance de sair como candidatos são os de São Paulo, porque o seu eleitorado é maior, embora isso possa mudar".