Título: Lula garante que Palocci 'fica, fica, fica' no ministério
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Nacional, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou ontem que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fica no cargo até o fim do governo. Disse que é "imprescindível", é "seu ministro da Fazenda" e está "tranqüilo" no posto. "Ele? Fica, fica, fica", afirmou, depois do lançamento da plataforma P-50 da Petrobrás, no Rio. É a mais veemente defesa do ministro desde que ele virou alvo da oposição e passou a discutir com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre o rumo da economia. Lula evitou desprestigiar Dilma, dizendo que times de futebol e governos precisam de "jogadores com características diferentes", mas foi direto ao garantir que Palocci fica no cargo.

As declarações são resultado da conversa que os dois tiveram anteontem, depois de vários dias de tensão e incertezas, por conta das denúncias contra a gestão do ministro na prefeitura de Ribeirão Preto. Palocci conseguiu do presidente a promessa de defendê-lo publicamente de forma mais enfática.

"Acho que não dá para a gente se deixar levar por especulações", disse Lula ontem. "Palocci é figura imprescindível para o País. Todo mundo sabe o que Palocci significa para a economia." Ele acusou ainda a oposição, sem citar partidos, de tentar provocar uma crise econômica para se beneficiar politicamente. "Tem gente que aposta que o Brasil não deu certo. Que só sabe trabalhar em cima da desgraça dos outros. Acho que as pessoas deveriam ser agradecidas pelo que o Palocci fez."

Quando um repórter lhe perguntou se será candidato à reeleição, ele brincou: "Não vou responder agora. Ainda tem muito chão. Primeiro, preciso esperar o Corinthians ser campeão para ver o que fazer."

DISCURSOS

Na cerimônia, Lula menosprezou as denúncias e repetiu que não mudará a política econômica. "Não se preocupem com as coisas que saem, denuncismos, brigas, isso perturba todo mundo. Agora, estejam certos: não haverá um momento em que a eleição me faça mudar a trajetória para este país", disse. "Tem muita gente que vende facilidade: 'O Brasil poderia estar crescendo 10%', 'o juro poderia ser aquilo'. A diferença é que, quando você vira governo, sai da era do 'eu acho' para a era do 'eu faço', você vai poder fazer em função das condições que tem."

Depois, ao abrir o 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior, Lula admitiu que a campanha eleitoral já começou, disse que não teria chegado a 2004 "se tivesse feito a farra do boi em 2003" e que é preciso "consolidar o crescimento do País sem fazer nenhuma imbecilidade".

Sem citar Dilma ou Palocci, insistiu que a economia não mudará por causa da eleição. "Não comprometerei o futuro da próxima geração por causa de uma eleição. Não vamos fazer nenhuma aventura." Ele disse aos empresários que não se preocupem com a crise política, porque ela será resolvida na política. "Graças a Deus, com todo o barulho, a política econômica se mantém equilibrada."