Título: Criação de vagas perde fôlego
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

Abertura de postos com carteira assinada baixou de 189.458 para 118.175, em outubro

BRASÍLIA - O número de empregos formais criados em outubro caiu em relação ao mês anterior - de 189.458 para 118.175. Ainda assim, representou aumento de 0,45% no estoque total de vagas com carteira assinada no País, em torno de 26 milhões. A perda no fôlego é explicada pelo comportamento da indústria, que já produziu o necessário para as vendas de final de ano e agora desacelera a produção. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, acredita que serão fechadas 300 mil vagas em dezembro. Se a previsão se confirmar, 2005 deve fechar com cerca de 1,2 milhão de novos empregos formais. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que de janeiro a outubro foram abertas 1,526 milhão de novas vagas, aumento de 6,2% em relação ao número de empregos com carteira assinada do início do ano. No acumulado de 12 meses, o número cai para 1,253 milhão.

Marinho lembrou que o fechamento de vagas é normal no no final do ano. De janeiro a outubro do ano passado, por exemplo, 1,796 milhão postos de trabalho foram abertos, mas 2004 fechou com crescimento de 1,523 milhão de empregos com carteira assinada. Em dezembro de 2004, foram demitidos 352.093 trabalhadores. Mas o ministro espera uma retomada nas contratações em 2006 e disse acreditar na repetição do ciclo ocorrido em 2004, ano em que o Caged teve seu melhor resultado.

Segundo Marinho, no fim de 2003 foi iniciado um processo de queda dos juros que possibilitou o crescimento econômico de 2004. Agora, no fim de 2005, há registro de um movimento parecido, com queda dos juros, o que deverá refletir-se em 2006. Apesar de ser um ano eleitoral, o ministro acredita que não deverá ocorrer "o mesmo nervosismo" da eleição presidencial de 2002. Ele prevê que o ritmo de crescimento no número de empregos formais deverá acentuar-se a partir de maio.

O setor de serviços continuou liderando o ranking de setores que mais criaram novos empregos em outubro, com 57.441 novas vagas. O comércio obteve o melhor resultado deste ano, com a criação de 49.046 empregos, resultado mensal que superou igual período de 2004, pela primeira vez no ano.

A recuperação mais forte ocorreu na construção civil, com expansão de 11.070 postos, na comparação com as 1299 vagas de outubro de 2004. Do lado contrário, a indústria de transformação só criou 26.338 novos empregos, metade do que registrou em outubro do ano passado. Segundo Marinho, o desempenho do setor é justificado pela alta da Selic e pela valorização do real ante o dólar. Mas, no ano, o setor é o segundo na criação de empregos.

O setor agropecuário voltou a demitir em outubro (28.746) por causa da entressafra no centro-sul do Brasil. A descoberta de focos de febre aftosa deve ter fechado cerca de 2 mil vagas, calcula Marinho.

FHC

Marinho fez questão de reforçar a comparação do desempenho do mercado de trabalho no governo Lula e na gestão anterior. Disse que nos 8 anos de governo FHC a média mensal de criação de empregos formais foi de 8.302, enquanto no atual governo é de 108.693. Para rebater as afirmações de parlamentares tucanos que dizem que o governo tem manipulado os dados do Caged, Marinho apresentou números da arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo ele, na administração anterior, a arrecadação líquida (depósitos menos saques) do FGTS foi de R$ 9,021 bilhões, já corrigida pelo INPC, enquanto de janeiro de 2003 a agosto de 2005, no governo Lula, a arrecadação líquida foi de R$ 15,175 bilhões. "Quero que eles me expliquem essa estatística", desafiou o ministro.