Título: Ordem para fraude vinha de cima, revela testemunha ao MP
Autor: Ricardo Brandt Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Nacional, p. A12

Uma testemunha que depôs ontem à Polícia Civil e ao Ministério Público Estadual, em Ribeirão Preto, disse ter ouvido relato de que a ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeiro Preto (Daerp) durante a gestão do ministro Antonio Palocci, Isabel Bordini, cumpria ordens superiores ao determinar que fossem adulteradas as planilhas de pagamento dos serviços de varrição para a empresa Leão Leão. A empresa é acusada de sustentar um mensalinho em quatro prefeituras da região, entre elas a de Ribeirão, durante a gestão Palocci. O superfaturamento do contrato de lixo seria a forma de abastecer o mensalinho, que Rogério Buratti diz ter ido para o caixa 2 do PT. MPE e Polícia Civil pediram que a identidade da testemunha fosse mantida sob sigilo. Tratase de um antigo funcionário do próprio Daerp. É a quarta testemunha a confirmar oficialmente que Isabel dava as ordens para lançar serviços nunca prestados nas planilhas de pagamento da Leão Leão - a maior doadora da campanha de prefeito de Palocci em 2000. O depoimento, ao qual o Estado teve acesso, traz novos detalhes. Em quatro páginas, a testemunha afirma que, ao perceber que era a própria Leão Leão que fiscalização seus serviços para a prefeitura, comunicou o fato a um superior. Segundo o funcionário, a resposta foi a seguinte: '(...) já no começo comuniquei o engenheiro (cujo nome foi preservado) sobre as irregularidades ocorridas na metragem apresentada no serviço de varrição, o qual pediu para fazer vista grossa, pois havia ordens da superintendente'. E acrescenta que 'segundo (o engenheiro), Isabel comentava que também recebia ordens de cima'. Ela não foi encontrada para comentar o assunto. Promotores e polícia pretendem ouvir novos depoimentos para chegar à origem das supostas ordens superiores. Isabel era subordinada diretamente ao prefeito, em tese, ao secretário de Governo - seu marido Donizete Rosa, amigo de Palocci, Donizete Rosa e por ele levado para Brasília, assim que ele se tornou ministro da Fazenda.