Título: Klinger diz que ele e assessor de Lula pressionaram polícia
Autor: Luciana Nunes Leal, Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Nacional, p. A12

Na CPI, ex-secretário diz que ele e o atual chefe de gabinete da Presidência apelaram a Dirceu para descartar tese de crime político

BRASÍLIA - O arquiteto Klinger Luiz de Oliveira Souza, ex-secretário de Serviços Municipais da prefeitura de Santo André, disse ontem à CPI dos Bingos que, com o atual chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fez ¿intensa pressão¿ para que a polícia mudasse o rumo das investigações do assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrido em janeiro de 2002. Para isso, disse, Carvalho recorreu até ao então presidente do PT, deputado José Dirceu (SP). A intenção, segundo Klinger, era descartar a hipótese de crime de mando e seguir a tese de crime comum. A tese de crime encomendado é sustentada pelos irmãos de Daniel, entre eles o médico João Francisco Daniel, acusado por Klinger ontem de ter feito lobby em favor da empresa Expresso Guarará.

¿Podemos ser acusados de tentar fazer prevalecer nossas convicções, mas fizemos de boa-fé. Fizemos intensa pressão no sentido de que a polícia encontrasse o foco das investigações e não politizasse o caso. Por isso o dr. Gilberto Carvalho falava com o dr. José Dirceu.¿ Klinger negou que Dirceu tivesse interesse em proteger o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo de Daniel suspeito de ser o mandante do assassinato. ¿O deputado José Dirceu não conhecia o Sérgio, não estava preocupado com ele¿, afirmou Klinger, que disse ter tido uma só reunião com Dirceu, em 2002, para discutir o assunto.

O ex-secretário negou que participasse de esquema de corrupção denunciado pelos proprietários da Guarará. ¿A denúncia foi feita de má-fé. A família Gabrilli (dona da Guarará) forjou essa denúncia para blindar seu contrato, depois da morte do prefeito¿, disse Klinger.