Título: Meta: melhorar o diagnóstico de câncer
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Vida&, p. A25

O Ministério da Saúde vai mudar a política nacional de atenção ao câncer para aumentar a capacidade de diagnóstico precoce da doença. A portaria com as novas diretrizes , que será assinada segunda-feira no Rio, prevê a inclusão das unidades da área básica de assistência, como postos, ambulatórios e equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), nas ações de prevenção e detecção dos tumores, por exemplo. Quando diagnosticados em fase inicial e tratados de maneira correta, as chances de cura podem superar os 90%. "O câncer é visto como um problema de alta complexidade. Só que até chegar nessa fase, com atendimento em hospitais de referência, há várias ações na ponta do sistema que podem ser realizadas", destacou o diretor do Inca, Luiz Antonio Santini, ao lançar a Estimativa de Incidência por Câncer no Brasil para 2006. No ano que vem, deverão surgir 472 mil novos casos - sendo 234,5 mil em homens e 237,4 mil em mulheres - no País. Os números seguem uma tendência mundial de crescimento da doença.

A nova portaria, de acordo com Santini, estabelece ainda ações diferenciais, já que taxas de incidência e mortalidade da doença mudam de acordo com a região. "Precisamos de uma política direcionada. Há muitas diferenças regionais. É preciso também melhorar o diagnóstico. Esse é um problema para qualquer tipo de câncer", avaliou Santini. "Os profissionais devem estar equipados para fazer exames ginecológicos, ter laboratórios de referência e confiança no resultado."

Segundo a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Gulnar Mendonça, cerca de 30% das mulheres entre 25 e 59 anos nunca fizeram exames ginecológicos ou não fazem há mais de três anos. Santini ressaltou ainda que a sociedade deve pressionar as autoridades para aumentar os recursos à política de atenção oncológica.

NOVOS CASOS

A estimativa de incidência divulgada ontem, baseada em dados coletados nos registros de câncer de base populacional, pouco diferem em número e tipo de câncer do ano passado (veja quadro acima). O tumor de pele de evolução quase benigna permanece liderando a lista, com 116 mil casos, seguido de mama (49 mil) e próstata (47 mil). Já o tumor de colo do útero superou a incidência em relação ao de mama no norte do País. No nordeste e no centro-oeste ele está em segundo lugar. Na região sudeste, ele vem em terceiro.

Entre os homens, a incidência no Estado de São Paulo tem perfil idêntico ao nacional. Entre mulheres, há um acréscimo em relação aos dados do País: mama, cólon, reto, colo do útero, pulmão. "Tumores de pulmão estão ligados à destruição e à má alimentação. Já cólon e reto refletem dietas ricas em proteínas e gorduras, obesidade", explicou Gulnar .