Título: Analistas prevêem queda de até 0,5% sobre 2.º trimestre
Autor: Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, a soma de todas as riquezas produzidas no País, deverá registrar a primeira retração na comparação com o trimestre anterior, após oito períodos consecutivos de crescimento. Consultorias privadas estimam uma queda de até 0,5% no resultado que o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE) divulgará na quarta-feira. O economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, Elson Teles, tem o prognóstico mais pessimista. Ele estima um recuo de até 0,50% ante o trimestre anterior. Nas suas previsões, Teles considera o fraco desempenho da produção industrial do terceiro trimestre, que caiu 3,2% ante o segundo trimestre, depois de ter crescido 2,9%. "Há também expectativas de que o PIB da agropecuária tenha um ajuste para baixo", acrescenta.

Essa também é a avaliação do economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa. "A surpresa poderá vir pelo lado do PIB da agropecuária", afirma. Levando-se em conta a retração da produção industrial, Rosa estima uma queda de 0,25% no PIB do terceiro trimestre ante o segundo, descontadas as influências sazonais. Mas o recuo, segundo ele, poderá ser ainda maior com desaceleração da agricultura.

Rosa destaca que se a sua projeção de queda de 0,25% for confirmada, o PIB anualizado até o terceiro trimestre deve acumular uma queda de 1%. "Isso é natural que ocorra por causa dos efeitos contracionistas das políticas monetária e fiscal que pesaram sobre o consumo e o investimento."

O economista Guilherme Maia, da Tendências Consultoria Integrada, projeta retração de 0,40% no PIB do terceiro trimestre com ajuste sazonal. Segundo ele, o ritmo elevado de crescimento no segundo trimestre já era prenúncio de desaceleração no trimestre posterior.

A LCA Consultores projeta crescimento de 0,1% no PIB do terceiro trimestre ante o período anterior. "Mas não dá pra descartar uma queda", afirma o economista Bráulio Borges. Ele argumenta que houve um ajuste de estoques industriais no terceiro trimestre que resultou na desaceleração do PIB industrial e da atividade econômica como um todo.

A MSConsult é outra consultoria que trabalha com prognóstico menos pessimista em relação aos concorrentes, mas não descarta a possibilidade de retração no PIB do terceiro trimestre. De acordo com o sócio, Fábio Silveira, a perspectiva do PIB é de estabilidade ante o segundo trimestre. "mas eu não ficaria surpreso se houvesse uma variação negativa".

Silveira argumenta que a estagnação do ritmo de atividade no terceiro trimestre reflete a elevação dos juros registrada nos últimos meses. "Todo o peso recaiu sobre o terceiro trimestre."

Para o quarto trimestre, Silveira diz que "a história será diferente". Nas suas contas, entre outubro e dezembro o PIB vai crescer 1,9% na comparação com o período anterior.