Título: PSDB diz que ministro mentiu sobre Leão Leão
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Nacional, p. A9

BRASÍLIA - Em duas frentes, o PSDB contra-atacou ontem a fala do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O líder do partido na Câmara, Alberto Goldman (SP), disse que Palocci "mentiu" ao negar que tenha assinado em sua segunda gestão na prefeitura de Ribeirão Preto contrato com a Leão Leão. "Palocci mentiu. A prefeitura assinou pelo menos 19 contratos com a Leão Leão, no valor de R$ 53,8 milhões", acusou Goldman. Na segunda frente, o PSDB mandou ao gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) o vereador Nicanor Lopes, de Ribeirão Preto, que move na Justiça 14 ações contra Palocci e 3 contra seu ex-vice Gilberto Maggioni. "Numa única ação que envolveu a contratação da empresa CVP e a subcontratação das empresas Munhoz e Gianetti, para a construção de uma ponte do projeto Vale do Rio e galpões pré-fabricados, o prejuízo foi de R$ 10,1 milhões", atacou Lopes. Os serviços foram contratados pela Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), na época dirigida por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci na Fazenda.

O vereador contou ainda que o contrato foi assinado no primeiro trimestre de 2002 e, em 2003, toda a obra foi cancelada por Maggioni, que sucedeu Palocci. Apesar de gastos mais de R$ 10 milhões, nenhum metro de ponte foi construído nem os galpões de concreto, conhecidos por BACs (Base de Apoio Comunitário). "Tudo desapareceu", disse o vereador. Ele entregou ainda a Dias uma fita com o depoimento do ex-superintendente da Coderp Augusto Pereira Filho. Nesta, Augusto diz que recebia mensalinho de R$ 2,25 mil da CVP, a empreiteira da obra nunca feita, e assim complementava seu salário de R$ 2,75 mil.

De acordo com as denúncias do PSDB, estes contratos e os da Leão Leão estão sob investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo sob suspeita de serem a fonte do mensalinho de R$ 50 mil que seria arrecadado pela prefeitura para a campanha de Lula em 2002. Ainda segundo o PSDB, dos 19 contratos assinados pelo prefeito que tinham a Leão Leão como beneficiária, 9 tiveram a licitação dispensada, num total de R$ 4,12 milhões.

Palocci disse na CAE que todos os contratos com a Leão Leão tinham sido assinados por seu antecessor (o tucano Luiz Roberto Jábali, que já morreu).

As denúncias foram enviadas pelo Estado à assessoria do ministro da Fazenda, a pedido desta, por meio eletrônico. Mas não foram respondidas.