Título: Palocci libera mais R$ 2 bilhões para agricultura
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Economia & Negócios, p. B11

O Ministério da Fazenda liberou ontem R$ 2 bilhões para que o Banco do Brasil ofereça mais recursos aos agricultores para custeio da safra 2005/06, com juro controlado de 8,75% ao ano, a taxa do crédito rural. A fonte dos recursos é a Poupança Ouro do Banco do Brasil. O próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ligou para o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para comunicar a liberação. "O dinheiro chega atrasado, mas há tempo de atender a boa parte da agricultura", comentou Rodrigues.

Para o secretário de Política Agrícola do ministério, Ivan Wedekin, as liberações inesperadas têm explicação. "Acho que há um superávit (primário) muito acima do previsto", disse. "O mais importante é ter recursos na hora certa." Ele contou que a pasta negociava desde setembro a liberação de recursos adicionais.

Rodrigues lembrou que o custeio da atual safra, que começou a ser cultivada em setembro, pode ser feito até abril de 2006. "Gostaria que os R$ 2 bilhões tivessem chegado em agosto", observou Rodrigues.

Com os R$ 2 bilhões, será possível ao Banco do Brasil melhorar a taxa de juros ao produtor, ou seja, oferecer uma quantidade mais elevada de empréstimos por custo menor.

Segundo Wedekin, o financiamento da safra 2005/06 foi complicado por vários motivos. O primeiro foi a queda no faturamento dos produtores com a produção de grãos. No ano passado, eles faturaram R$ 60 bilhões e para este ano a estimativa é de R$ 47 bilhões. A receita menor compromete a possibilidade de contratação de crédito.

A prorrogação da data de vencimento das dívidas de custeio da safra 2004/05 ampliaram as dificuldades de financiamento, ressaltou Wedekin. O volume de empréstimos para custeio e comercialização entre julho e outubro de 2005 foi de R$ 12,4 bilhões, ante R$ 16,2 bilhões em igual período de 2004. O crédito caiu 24%.

Wedekin calculou que o governo federal gastou neste ano R$ 854 milhões para apoiar a safra, ante R$ 272 milhões em 2004. O valor gasto em 2005 permitiu apoiar a comercialização de 3,546 milhões de toneladas de grãos. "Esse é o maior volume de apoio à comercialização nesta década", afirmou.

FISCAIS AGROPECUÁRIOS

O governo endureceu com os fiscais federais agropecuários, que estão em greve desde 7 de novembro. O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, comunicou ontem que o governo vai transferir temporariamente para os Estados os serviços de inspeção, fiscalização, classificação e emissão de certificados para exportação.