Título: Exportação vai a US$ 150 bi, diz Lula
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Economia & Negócios, p. B12

As exportações brasileiras caminham para um novo nível, na casa dos US$ 150 bilhões ao ano, disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não definiu prazo, mas indicou que isso ocorrerá "logo, logo". Segundo ele, "a política de comércio exterior do Brasil deixou de ser um campeonato de surfe para ser uma política pública do governo. Acabou o tempo em que as exportações brasileiras eram coisas ocasionais." A expectativa de Lula foi apresentada na a abertura do 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio. No mesmo evento, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Fulan, informou, pela primeira vez, que as vendas externas deste ano deverão ultrapassar a meta oficial de U$ 117 bilhões.

Questionado sobre o prazo ao qual o presidente estaria se referindo, Furlan limitou-se a responder que "ele deve estar falando para o próximo governo". A meta do ministério para exportações no ano que vem é de US$ 120 bilhões.

"Estamos agora aumentando as importações que já estão em 74 bilhões, estamos importando bens de capital, o que significa que nossas empresas estão apostando que o amanhã será muito melhor do que o hoje. Estamos apostando nisso. Estou otimista e logo, logo, estaremos falando em US$150 bilhões de exportações", afirmou Lula.

Apesar da avaliação do presidente, não havia consenso entre participantes do evento sobre a chance de o País evoluir tanto nas vendas externas.

O diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, afirmou que a chegada ao novo nível vai depender do mercado internacional e do cenário doméstico. "Se a taxa de câmbio não melhorar e a compensação tributária não evoluir, estamos muito longe dos US$ 150 bilhões de exportações."

Na a abertura do encontro, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) elogiou o desempenho do setor externo, mas reivindicou mudanças, para garantir continuidade do crescimento. Ela defende modernização legislação cambial e a solução do impasse quanto ao ressarcimento do ICMS aos exportadores. Sem essas duas condições, segundo a AEB, as exportações poderão deixar de crescer ou mesmo cair ano que vem. Além disso, a associação pregou a necessidade de avançar nos investimentos em infraestrutura.

Amanhã, a Fiesp vai apresentar ao governo e ao Poder Legislativo uma proposta de ampla mudança na legislação cambial, elaborada com consultoria da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior e o especialista Emílio Garófalo. A idéia é enxugar a legislação, da década de 1930, e que, diz Giannetti, ajuda a valorizar o real.

Ele cita que atualmente os exportadores não podem usar as divisas de exportação para quitar, por exemplo, valores de importações, sem liquidação financeira. Essa intermediação cria um custo adicional de 4%. A proposta será entregue aos presidentes do Senado, Renan Calheiros, do Câmara, Aldo Rebelo, do Banco Central, Henrique Meirelles, e ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Ainda no discurso, Lula concordou que a legislação é superada. Segundo ele, é preciso "adequar o Brasil ao século 21" e dar condições de competição ao País. "Disse ao Furlan que faça tantos grupos de trabalho quanto for preciso."