Título: Mercadante chama ex-presidente de sectário
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Nacional, p. A7

Líder do governo no Senado diz que atual política econômica reduz dívida

BRASÍLIA - As críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à política econômica do atual governo geraram debate no plenário do Senado entre os líderes Aloizio Mercadante (PT-SP), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O primeiro a subir à tribuna foi Mercadante, dizendo-se incomodado com as declarações de FHC publicadas na revista do PSDB Agenda 45 que será lançada hoje, na 8.ª Convenção Nacional do partido. Líder do governo no Senado, Mercadante acusou FHC de adotar postura ¿sectária¿ que não contribui para o diálogo entre oposição e governo. Segundo ele, o ex-presidente deveria incorporar o espírito do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, empenhado em abrir o ¿diálogo¿ com a oposição.

Segundo o líder governista, FHC comete vários equívocos, entre eles o de afirmar que o superávit primário do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para impressionar o mercado financeiro. ¿O superávit é para diminuir o ritmo de endividamento. Nós estamos reduzindo o endividamento do Estado brasileiro. Precisamos disso para reduzir as taxas de juros¿, declarou Mercadante.

Ele também considerou equivocada a afirmação de que o governo Lula deixou o déficit da Previdência explodir. ¿Isso não é verdade. Tanto não é que no Congresso o PSDB ajudou o governo a aprovar a reforma tributária para reduzir o déficit previdenciário¿, disse.

Para defender FHC, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, afirmou que o ex-presidente tem o ¿direito e o dever¿ de fazer as críticas à política econômica. Para Virgílio, o governo perdeu o ¿timing¿ para reduzir os juros a nível adequado para o País a crescer. ¿Estamos crescendo menos do que poderíamos. Deveríamos ter aproveitado a fase virtuosa da economia mundial¿, afirmou.

Virgílio ainda mostrou preocupação com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. ¿Uma eventual demissão do ministro Palocci pode levar o governo a escolher alguém da mesma linha, mas sem a mesma força no PT ou alguém que gere desconfiança no mercado. Por isso é preciso seriedade para lidar com esse affair Palocci¿, disse ao justificar a posição assumida por integrantes do PSDB de não cobrar a saída do ministro da Fazenda. O senador Tasso Jereissati disse que as críticas de FHC à política econômica são as mesmas que sempre fizeram parte dos discursos de Mercadante e do PT.

¿Eu estou desconfiado de que Fernando Henrique plagiou Mercadante¿, brincou. Segundo ele, Mercadante compartilha da opinião de Fernando Henrique de que o governo Lula está numa armadilha, por causa da relação entre taxa de câmbio, dívida interna elevada, taxas de juros altas e controle da inflação. ¿É uma opinião que ouvi durante anos de Mercadante¿, afirmou Tasso.