Título: Diretor do FMI pede empenho para impedir o fracasso da Rodada Doha
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Economia & Negócios, p. B13
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, exortou ontem todos os países que participam da rodada multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC) a se esforçarem para tentar aparar as diferenças até a realização da reunião ministerial de Hong Kong, em dezembro. "E, entre esses países, a União Européia (UE), os Estados Unidos e o Japão, como principais blocos comerciais, têm uma responsabilidade especial", disse Rato, em palestra na Espanha.
Rato observou que os países da Uniião Européia gastam cerca de 40 bilhões por ano na ajuda aos países em desenvolvimento. "Mas eles gastam cerca de 60 bilhões todos os anos em subsídios agrícolas", disse. "E esses subsídios e as distorções agrícolas nos mercados agrícolas causam grandes danos para a maioria dos países em desenvolvimento, desfazendo parte dos efeitos benéficos da ajuda."
O diretor do FMI salientou que cerca de três quartos da população pobre do mundo mora em áreas rurais e depende da agricultura. "Faz algum sentido para a União Européia dar dinheiro com uma mão e, na verdade, arrancá-lo com a outra?"
Rato afirmou, no entanto, que o sucesso da Rodada Doha não depende apenas das nações industrializadas. "Países como Brasil, China e Índia são cada vez mais participantes no sistema de comércio mundial e também impõem restrições significativas às importações."