Título: Em discurso, presidente elogia ministra três vezes e não cita Palocci
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Pelo segundo dia consecutivo, o presidente Lula discursou no Palácio do Planalto e frustrou as expectativas de quem esperava manifestação de apoio ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ao se pronunciar ontem em solenidade de entrega de certificados às empresas credenciadas para a produção de biodiesel, Lula, em compensação, elogiou três vezes a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem citou nominalmente em cinco oportunidades. Lula posou para fotos ao lado de Dilma, que mereceu do presidente afagos e gestos de cordialidade. "Quero dizer em alto e bom som, se alguém em algum momento imaginou que o programa do biodiesel era apenas um sonho, uma peça, uma coisa de campanha eleitoral, ou mais um projeto do governo, quero dizer que não é um sonho, não é mais um projeto, é o projeto, e um grande projeto, porque será, definitivamente, a forma pela qual o Brasil estará totalmente independente na questão de energia", disse Lula. "Eu não poderia deixar de parabenizar a Dilma Rousseff."

Depois de citar que o projeto do biodiesel "é uma criança muito nova e tem apenas dois anos", Lula relatou que no almoço com o presidente dos EUA, George W. Bush, há dez dias, na Granja do Torto, o convidado propôs parcerias para tornar o biodiesel mais barato no mercado americano.

Segundo o presidente, o processo de mistura do biodiesel à gasolina, que irá aumentar gradativamente até 2013, "é pessimista ou mais realista do que o rei", referindo-se à possibilidade de o governo antecipar o prazo de mistura. E fez mais elogios à ministra: "A necessidade mundial por opções de combustíveis exigirá que ultrapassemos etapas do projeto bem montado e bem coordenado pela companheira Dilma e, hoje, sob a coordenação do nosso companheiro Sila (Rondeau, das Minas e Energia) e do nosso companheiro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário)".

Os afagos a Dilma chegaram ao ponto de Lula sugerir que "a companheira" está muito sobrecarregada e não queria desafiá-la a reduzir o prazo de 2008 e 2013 para que a mistura de biodiesel à gasolina seja obrigatória em 2% e, depois, 5%. No final, mais uma vez, Lula deu "os parabéns à companheira Dilma" pelos projetos que tornarão o Brasil o "mais importante produtor de biodiesel do planeta Terra".