Título: Nos EUA, resultados também levam a punições
Autor: Renata Cafardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2005, Vida&, p. A28

RIO - Nos Estados Unidos, a tendência dos últimos anos tem sido a de apertar o cerco às escolas e aos professores, na tentativa de melhorar o desempenho dos alunos. Eles são exaustivamente avaliados por meio de uma série de exames federais e estaduais. Neste mês, em um seminário sobre qualidade de educação no Rio, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista americano Eric Hanushek, considerado um dos maiores especialistas do mundo no tema, explicou como novos mecanismos de premiação e punição a escolas e professores, vinculados ao desempenho dos alunos, estão sendo utilizados. Há transferência de mais recursos para as escolas com melhores estudantes e o dinheiro pode ser até apropriado em parte pelos professores.

Uma lei federal ainda obriga as escolas com mau desempenho a financiar com seu próprio orçamento o reforço educacional dos alunos. Segundo Hanushek, o desempenho dos alunos americanos em inglês, matemática e ciências permaneceu quase inalterado entre o anos 60 e os 90. Isso ocorreu ainda que o tamanho médio das classes tenha passado de 25 alunos para 17 e que o número de professores com mestrado tenha subido de 24% para 56%.

TEXAS

Um dos programas mais abrangentes e minuciosos de avaliação de alunos foi adotado pelo Texas, que aplica testes desde 1993 em mais de 200 mil alunos de 3 mil escolas. Ele mostrou que a diferença de qualidade dentro das escolas, isto é, entre os seus professores, é bem maior do que a diferença entre as escolas.

Em termos de experiência, ficou demonstrado que apenas no primeiro ano de profissão os professores apresentam uma queda de qualidade. A partir daí, as variações são insignificantes. Um achado curioso é que professores com as mesmas características raciais dos seus alunos têm em média melhor desempenho.

O que mais surpreendeu Hanushek, porém, foi o fato de que os professores que saíam de determinadas escolas atraídos por ofertas melhores de outros estabelecimentos (o que pode ocorrer no sistema público americano) não eram melhores do que aqueles que ficavam. ¿No fundo, é um mistério o que faz com que alguns professores sejam melhores do que os outros.¿