Título: Polêmica reativa antiga discussão
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2005, Vida&, p. A24

Lei que Zeca do PT quer mudar foi aprovada nos anos 80

CAMPO GRANDE - A polêmica em torno da instalação de usinas em área próxima do Pantanal Sul-Mato-Grossense reacende uma antiga discussão, que envolve ecologistas, políticos e o governo do Estado. No início da década de 80, após várias manifestações populares contrárias à ocupação do Pantanal por esse tipo de indústria, os deputados estaduais aprovaram uma lei que restringe até hoje a instalação de usinas na região. Uma situação que o governo pretende mudar com a aprovação de um novo projeto, mas vem enfrentando rejeição até dos partidos aliados e do próprio PT. Nove usinas de álcool e açúcar funcionam no Estado: em Nova Alvorada do Sul, Naviraí, Sonora, Aparecida do Taboado, Sidrolândia, Brasilândia, Maracaju e Nova Andradina. Juntas, plantam 148 mil hectares, produzem 10 milhões de toneladas de cana e empregam cerca de 6 mil pessoas, 20% indígenas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura, todos têm registro em carteira profissional e recebem em média R$ 650,00 no período de safra. São produzidos 200 mil metros cúbicos de álcool anidro, 300 mil metros cúbicos de hidratado e 400 mil toneladas de açúcar.

PROJETOS

Três novas usinas estão em fase de instalação, em Cassilândia, Deodápolis e Dourados. Há outros sete projetos em processo de aprovação e 26 pedidos para explorar a atividade já foram protocolados no Centro de Desenvolvimento Industrial da Secretaria de Produção e Turismo.

O secretário Dagoberto Nogueira Filho afirma que a intenção é explorar 140 mil hectares com o cultivo da cana-de-açúcar. ¿Não temos outro meio de desenvolver. Os 14 municípios dessa região vêm perdendo população. Não há como industrializar se não for agronegócio. O álcool e biodiesel são os mais viáveis¿, defende. O ambientalista Alcides Farias concorda que o desenvolvimento é importante, mas diz que estudos indicam que a área não é própria para a cana e, além disso, a indústria de álcool pode jogar vinhoto (um resíduo poluente) no ambiente. O secretário discorda e argumenta: ¿Estamos prevendo que os tanques sejam de fibra, aço ou concreto no chão. Não tem nenhuma atividade que é 100% livre. É mais perigoso um caminhão com inseticida cair no Rio Coxim do que vinhoto.¿ Ele garantiu que as empresas que não agirem de acordo com a lei pagarão multa e, se reincidirem, fecharão.