Título: Escola é um dos orgulhos do movimento
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2005, Nacional, p. A16

Estudantes são impedidos de passar muito tempo afastados de suas comunidades

A Escola Nacional Florestan Fernandes começou a ministrar o curso de especialização em Educação no Campo e Desenvolvimento em 2004, quando seus prédios ainda estavam sendo construídos. Seus 60 alunos foram escolhidos pela Via Campesina, a irmã internacional do MST, em acampamentos, assentamentos e cidades com maior concentração de sem-terra. Os alunos passaram dois anos intercalando a atividade escolar com trabalhos que já desempenhavam. Pelas normas da escola, nenhum estudante pode se afastar por longos períodos do trabalho prático nas áreas de origem.

A Escola Nacional é um dos orgulhos do MST, que investe em todos os níveis da educação. O terreno de 30 mil metros quadrados foi comprado com a venda de posters do fotógrafo Sebastião Salgado; e o dinheiro para a obra teria vindo de sindicatos europeus, num total aproximado de US$ 1,3 milhão.

As atividades educacionais do MST são controladas a partir do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), no Rio Grande do Sul. Os diplomas entregues em Guararema, na quinta-feira, eram assinados por representantes do instituto.

Os cursos são ministrados por meio de convênios com instituições públicas. O volume destes convênios encolheu no governo FHC, que temia desvio do dinheiro para financiamento da militância política, mas voltou a crescer no governo atual. No total, 45 universidades públicas já mantêm parcerias com os sem-terra.

A preocupação do MST, que se inspira nos métodos de Paulo Freire (1921-1997), é formar educadores afinados com suas ações e sua ideologia.