Título: Reativação de banco faria parte do esquema
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2005, Nacional, p. A10

O que se sabe até agora é que o economista Vladimir Poleto intermediou a tentativa de reativação de um pequeno banco de investimentos do Rio, o Equity. Segundo testemunha ouvida pela CPI dos Bingos, serviria como braço financeiro para o esquema das obras em Angola. O Equity é do banco Prosper, onde Poleto trabalha. Sua reativação envolvia uma parceria com o Banco Regional do Keve, de Angola.

A diretoria do banco angolano confirmou que houve contatos para uma parceria envolvendo negócios na área da agroindústria, setor de atuação da Asperbras. Informou conhecer José Roberto Colnaghi, mas negou sua participação. O Prosper nega qualquer envolvimento.

O principal foco da CPI é saber se recursos públicos tinham destino certo: empresas de pessoas ligadas ao ministro Antonio Palocci. Isso porque, entre os empreendedores que tentaram contratos com o governo angolano estavam Rogério Buratti, na época representante da Leão Leão, e Roberto Carlos Kurzweil, dono de um Ômega blindado supostamente usado na operação Cuba.

Buratti conta que, na ocasião, recebeu uma promessa do governo angolano de R$ 70 milhões em obras e serviços, Leão, mas os negócios não evoluíram.

Só Colnaghi teve sucesso nas investidas. Ele confirma que exporta materiais agrícolas e industriais desde 2003, mas diz que não recebe incentivo, nem vende para o governo. E nega ter intermediado a ida de brasileiros para Angola.

NEGATIVA

Anteontem, em depoimento no Senado, Palocci negou haver recursos de Angola na campanha presidencial petista de 2002. O grupo Colnaghi foi procurado para comentar o assunto e explicar as ligações de Poleto, mas, até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Poleto foi procurado em sua casa, em Ribeirão Preto. Uma pessoa que disse trabalhar para a família afirmou que ele não estava na cidade.