Título: Sereno recebe da Vale sem trabalhar
Autor: Ana Paula Scinocca, Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2005, Nacional, p. A7

SINDICATO: Ex-homem de confiança do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no Rio de Janeiro, Marcelo Borges Sereno foi reintegrado à folha de pagamento da Companhia Vale do Rio Doce ¿ da qual é empregado desde os anos 80 ¿, mas não trabalha na empresa. Como dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Mineração do Rio de Janeiro (Sindiminas), está cedido à atividade sindical há cerca de 15 anos. Enquanto ocupou postos públicos, seu salário foi suspenso pela CVRD, mas depois de ter deixado o cargo de assessor especial de Dirceu (já em 2005), por seu nome estar envolvido nos escândalos de corrupção, solicitou reintegração à instituição, como economista. A situação de Sereno é legal. Por lei, quando um funcionário se elege para cargo sindical passa a ter estabilidade no emprego e, se for cedido para se dedicar ao sindicalismo, seu salário deve ser pago pela entidade para a qual foi eleito. A Vale, porém, mantém regimento da época em que era controlada pela União. Este determina que, no caso, a empresa deve fazer o pagamento.

Segundo a empresa, o petista está afastado para militar no movimento sindical desde o fim dos anos 80. ¿Ele está recolhido e acompanhando tudo, mas tranqüilo¿, diz o advogado Luiz Paulo Viveiros de Castro, que defende o ex-dirigente do PT.

No Processo de Eleição Direta (PED) que renovou as direções petistas, Sereno chegou a registrar sua candidatura a dirigente do PT fluminense em chapa do Campo Majoritário, mas, a pedido de militantes da tendência, desistiu da candidatura.

¿Não sei o que o Marcelo anda fazendo¿, diz o presidente regional do PT Alberto Cantalice. Com 46 anos, Sereno entrou na militância política nos anos 70, na tendência trotskista Liberdade e Luta.