Título: OS PONTOS QUE DIFICULTAM A DEFESA DE JOÃO PAULO CUNHA
Autor: Denise Madueño e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2005, Nacional, p. A10

NOTAS DO DATAVALE - O instituto emitiu 3 notas em nome de João Paulo, como pagamento de pesquisas eleitorais, no espaço de 4 meses: mas elas têm números seqüenciais. O deputado diz que não sabe explicar a seqüência, pois não contratou as pesquisas, só as pagou.

VISITA - Marcos Valério visitou João Paulo na véspera do saque de R$ 50 mil que sua mulher, Márcia Regina, fez no Banco Rural. O petista sustentou que não tratou de repasses com Valério.

SAQUE - Ele disse em julho que Márcia foi ao Rural resolver pendência de assinatura da TV a cabo. Só admitiu o saque quando ele foi descoberto. Alegou que não falou em saque porque "tinha certeza de que os recursos eram do PT".

CONTRATO - Ele disse que, como presidente da Câmara, não interferiu na escolha da SMPB para fazer a publicidade da Casa. No ano anterior à licitação, a DNA, também de Valério, fez sua campanha à presidência da Câmara.

PRESTAÇÃO DE CONTAS - João Paulo disse que devia ter prestado contas ao PT do pagamento à DataVale. "Admito que há problema fiscal, contábil. Mas não tenho como corrigir. Gostaria que alguém sugerisse como regularizo isso." O PT nunca contabilizou o repasse.

TRAJETÓRIA - João Paulo reconheceu que é estranho o caminho feito pelos R$ 50 mil, que foram providenciados por Delúbio em São Paulo, saíram da conta do Banco Rural em Belo Horizonte, foram sacados na agência de Brasília e levados a São Paulo, em dinheiro, para pagar pesquisas em Osasco, Carapicuíba, Jandira e Cotia.

PRESENTE - João Paulo admitiu que não teria doado ao Fome Zero a Montblanc que ganhou de Valério se não tivesse estourado o escândalo. E só o fez para mostrar desvinculação do empresário. Disse que teve intenso relacionamento com ele em 2003, que foi diminuindo até se tornar "residual".