Título: Mesmo com o Natal, desemprego não cai
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

O mercado de trabalho nas 6 principais regiões metropolitanas do País não se moveu em outubro e a taxa de desemprego ficou exatamente no mesmo nível de setembro: 9,6%. O quarto trimestre do ano é, tradicionalmente, o período em que a taxa registra os principais recuos, devido às ofertas de emprego temporário de fim de ano. O rendimento médio caiu 1,4% ante setembro, mas aumentou 1,8% ante outubro de 2004. Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, o cenário é de estagnação. Ele avalia que o mercado de trabalho está engessado, e essa situação pode estar relacionada às taxas de juros, câmbio e crise política. Além disso, destaca que "há um mercado de trabalho inibido em função do que vem ocorrendo na indústria e no comércio". Segundo o próprio IBGE, a atividade da indústria e as vendas do comércio se desaceleraram no terceiro trimestre.

Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, também acha que o resultado de outubro "foi negativo e consolidou um cenário de estagnação no mercado de trabalho". Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse que "o mercado de trabalho passou os últimos quatro meses em compasso de espera, e agora tem o agravante da queda na renda". Para ele, o enfraquecimento da atividade econômica no terceiro trimestre e a crise política tornaram os empresários reticentes em contratar no mesmo ritmo do segundo trimestre.

Pereira afirmou que a avaliação do mercado de trabalho é frustrante em relação à expectativa favorável que havia em maio, quando houve um recuo na taxa (de 10,8% para 10,2%) e as estimativas convergiam para uma trajetória decrescente até o final do ano. No entanto, ele sublinhou que os dados divulgados ontem são favoráveis se comparados a anos anteriores.

Em outubro de 2004, a taxa de desemprego foi de 10,5%. Além disso, Pereira reuniu números que mostram que a taxa de desemprego média nos 10 meses de 2005 (janeiro a outubro) foi de 10%, inferior aos 11,75% de igual período de 2004 e aos 12,47% dos 10 meses de 2003.

Tendo como base os 10 primeiros meses do ano, Pereira afirmou que o rendimento médio real mostrou recuperação - subiu para R$ 961,48, 1,62% a mais que no mesmo período de 2004.