Título: Contas externas têm 11.º superávit
Autor: Fábio Graner e Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

O Brasil apresentou em outubro, pelo 11º mês consecutivo, saldo positivo no conjunto das transações comerciais e de serviços com o exterior, mantendo a boa performance nas contas externas. A chamada conta corrente do balanço de pagamentos registrou no mês passado superávit de US$ 911 milhões, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Em outubro de 2004 o saldo foi favorável em US$ 1,03 bilhão. O resultado do mês passado foi determinado basicamente por mais um forte desempenho da balança comercial, que teve exportações US$ 3,69 bilhões maiores do que as importações.

O desempenho da conta corrente brasileira ficou cerca de US$ 100 milhões acima do que o Banco Central projetou para o mês e, na mesma proporção, abaixo da média das expectativas do mercado. A conta corrente é o melhor indicador sobre a capacidade de o País produzir dólares e enfrentar as adversidades da economia internacional.

"A conta corrente continua com resultados expressivos, em uma dinâmica que sempre nos surpreende. Estamos vendo uma performance excelente das nossas contas externas", afirmou o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes.

Ele informou que em novembro as trocas comerciais e de serviços com o exterior está ainda melhor e deve encerrar o mês com expressivos US$ 2,1 bilhões de superávit. Com isso, o País completará um ano inteiro com saldos positivos nesse indicador.

Lopes explicou que o desempenho da conta corrente só não foi melhor em outubro por causa do acentuado envio de lucros e dividendos para o exterior, que somou US$ 1,33 bilhão. O alto nível de remessas para fora do País se deve à lucratividade forte das empresas e ao aproveitamento da valorização do real.

Com o resultado de outubro, o Brasil acumula este ano saldo positivo de US$ 11,97 bilhões na conta corrente - 1,85% do Produto Interno Bruto (PIB) do período. No ano encerrado em outubro, o superávit foi maior, de US$ 12,96 bilhões. Mas, na comparação com a produção nacional do período, ficou menor: 1,73% do PIB.

Depois de apresentar o pior resultado dos últimos 10 anos em setembro, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) se recuperaram no mês passado, atingindo a marca de US$ 825 milhões. "Voltamos à normalidade e o IED segue seu rumo, fluindo bem", disse Lopes.

O volume do mês passado foi, entretanto, inferior aos US$ 1,32 bilhão registrados em outubro de 2004. De janeiro a outubro, o Brasil recebeu US$ 12,61 bilhões do exterior em investimentos, o correspondente a 1,95% do Produto Interno Bruto. E, em 12 meses, o saldo já está em US$ 17,08 bilhões (2,28% do PIB). Em novembro, Lopes espera o ingresso de investimentos diretos de US$ 1 bilhão.

Segundo os dados do Banco Central, o resultado do balanço de pagamentos brasileiro é de um superávit de US$ 3,51 bilhões. Esse valor foi direto para as reservas internacionais do País, que servem para proteger a nação de choques na economia internacional.

No ano, o saldo no balanço de pagamentos já levou a uma variação positiva das reservas internacionais de US$ 10,64 bilhões. Até outubro, as reservas internacionais líquidas - excluindo os recursos emprestados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil - estavam em US$ 46,464 bilhões.

Além da melhora nas reservas, o bom desempenho do País nas contas externas este ano ajuda a diminuir a dívida externa. Em agosto, o BC estima que a dívida brasileira atingiu US$ 181,63 bilhões, valor quase US$ 10 bilhões inferior ao verificado em junho deste ano.