Título: Em 1984, região foi palco de revolta
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2005, Economia & Negócios, p. B7

MEMÓRIA: Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores salários e condições de trabalho. Os trabalhadores rurais levantaram-se contra as péssimas condições a que eram submetidos, em regime de semi-escravidão.O estopim foi a alteração do sistema de colheita da cana, que passou de cinco para sete ruas, o que tornaria ainda mais penosa a lida diária. Além disso, os trabalhadores reclamavam dos altos juros cobrados nas compras a crédito feitas no supermercado da cidade, das tarifas elevadas cobradas pela Sabesp, que fornecia água somente em alguns períodos do dia, e das condições dos alojamentos e do transporte. Com essa situação, os "bóias-frias" chegavam sempre no fim do mês devendo ao supermercado e à Sabesp, já que o que recebiam era insuficiente. Revoltados, os grevistas invadem no dia seguinte as cidades de Guariba e Bebedouro. Atacam o supermercado em Guariba e quebram o prédio da Sabesp. Um canavial é incendiado. O movimento é reprimido por 300 soldados da Polícia Militar. No conflito, um trabalhador rural é atingido com uma bala na cabeça e morre; 40 pessoas ficam feridas. Parte das reivindicações dos bóias-frias é atendida, entre as quais a que pedia a volta do sistema de cinco ruas na colheita. O acordo de Jaboticabal, assinado em 17 de maio de 1984, é estendido a todos os municípios da região. Após a revolta de Guariba, greves de trabalhadores rurais espalharam-se por várias regiões do País, principalmente entre os cortadores de cana do Nordeste.

O cortador de cana Antonio Ribeiro Lopes, de 55 anos, morreu na quarta-feira à noite depois de passar mal em um canavial da Usina Moreno, município de Luís Antonio, na zona canavieira de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.