Título: Aftosa: área interditada no PR será reduzida
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2005, Economia & Negócios, p. B7

Governo federal estipulou raio de 10 quilômetros de interdição, a partir das fazendas com suspeitas de focos em 4 municípios

O governo federal decidiu ontem reduzir a área interditada por suspeita de aftosa no Paraná para um raio de 10 quilômetros a partir das fazendas onde podem existir focos. A decisão foi tomada por técnicos do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Agricultura do Estado, em reunião com o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel. "A redução é muito significativa e fica numa área bastante restrita", disse o secretário, sem citar o número de municípios interditados.

Por causa de suspeitas de aftosa, até hoje não confirmadas em exames laboratoriais, foram interditados os municípios paranaenses de Loanda, Amaporã, Maringá e Grandes Rios, onde há animais com sintomas, e todas as cidades limítrofes, num total de 36. Os produtores desses municípios foram impedidos de comercializar animais vivos, leite e subprodutos.

Ontem, ficou acertado que o Paraná enviará ao Ministério da Agricultura um relatório técnico com informações sobre as medidas de vigilância sanitária adotadas. Esse relatório deve ser encaminhado ao governo federal em até 48 horas, garantiu o diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Paraná, Felisberto Queiroz Baptista. Com o abrandamento, municípios de grande extensão territorial, como Maringá, não terão toda a área interditada, ressaltou Batista.

Maciel lembrou que novas amostras colhidas em animais com suspeita da doença estão sendo analisadas em laboratórios para descartar ou confirmar as suspeitas de aftosa no Paraná. Esses resultados devem ficar prontos em até oito dias. A possibilidade de aftosa no Estado está sendo investigada pelo Ministério da Agricultura desde 20 de outubro, mas até agora os exames deram negativo. Mas o governo federal ainda não trabalha com a hipótese de diagnóstico conclusivo negativo, apesar de técnicos paranaenses enfatizarem que não há doença no rebanho local.

Anteontem, o ministro Roberto Rodrigues cobrou uma posição definitiva sobre o assunto. "Não agüento mais essa conversa", desabafou, acrescentando que não pretende que a incerteza se arraste por mais uma semana. "O ministro falou o que a gente deseja, mas temos de trabalhar no sentido técnico para que não se tome medidas precipitadas", afirmou Maciel.

Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) cobrou do governo brasileiro explicações sobre a situação do Paraná. A secretaria encaminhou relatório com informações sanitárias ao organismo internacional.

ABATES

Em Mato Grosso do Sul, onde foram confirmados 22 focos da doença, o número de animais abatidos subiu para 9.198 (8.977 bovinos, 117 ovinos e 104 suínos) e deve chegar a 20 mil, em 32 propriedades. Até 30 de novembro, os pecuaristas precisam vacinar o rebanho - estimado em 24,189 milhões de cabeças - contra a doença.