Título: Omri Sharon admite crime eleitoral
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2005, Internacional, p. A9

Filho do primeiro-ministro Ariel Sharon assumiu culpa para reduzir pena no julgamento do financiamento ilegal da campanha do pai

No início de seu julgamento, o deputado Omri Sharon, filho do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, se declarou ontem culpado da maioria das acusações contra ele pelo financiamento ilegal da campanha do pai para a direção do Partido Likud, em 1999. Sharon foi eleito, então, para a chefia do Likud, o que o tornou o candidato natural do partido nas eleições parlamentares de 2001, da qual ele saiu como primeiro-ministro. Em troca de redução da pena, Omri admitiu ter falsificado documentos, prestado falso testemunho e violado as leis eleitorais de financiamento dos partidos. Pelo acordo, a promotoria removeu as acusações mais graves de fraude e quebra de confiança, mas exigiu que Omri renuncie a seu mandato de deputado. A promotoria e a defesa ainda negociam um acordo sobre a pena, segundo a edição online do diário israelense Haaretz.

Embora a Justiça não tenha formulado nenhuma acusação contra Ariel Sharon nesse caso, o escândalo é embaraçoso para o primeiro-ministro, especialmente agora, quando a oposição - e mesmo integrantes de sua coalizão de governo - pressionam pela antecipação das eleições parlamentares (ler na página A8).

Omri obteve 6 milhões de shekels (aproximadamente US$ 1,5 milhão ) para financiar a campanha nas primárias do partido. Mas a lei israelense só autoriza doações de no máximo 800 mil shekels (cerca de US$ 200 mil), ou seja, um valor bem menor. A soma havia sido registrada irregularmente como "empréstimo de um amigo" do primeiro-ministro. Além disso, Omri é acusado de ter instruído fornecedores de serviços e suprimentos a elevar os valores nos recibos.

Interrogado várias vezes nos últimos meses, Ariel Sharon negou qualquer envolvimento no caso e alegou que Omri e seu outro filho, Gilad, apenas manejaram o dinheiro para a campanha de 1999. Em fevereiro, a Justiça israelense decidiu não indiciar o chefe de governo, alegando falta de provas.

Antes de o caso ser levado a julgamento, Omri dizia que contestaria todas as acusações. Ontem, porém, seu advogado anunciou que ele tinha mudado de idéia. Segundo a TV israelense, a Justiça poderia propor o cumprimento de apenas 9 meses de prisão sob a condição de que ele abandone a política. Na realidade, a lei eleitoral israelense sobre financiamento dos partidos é considerada irreal e não vinha sendo respeitada. O Parlamento estuda agora uma modificação na legislação. .