Título: Ata e PIB dão o tom aos negócios
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

O mercado financeiro deve tocar os negócios desta semana, que fecha novembro e dá largada ao último mês do ano, com o olhar dirigido a dois eventos, principalmente: à divulgação do PIB do terceiro trimestre, na quarta-feira, e da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quinta. A expectativa é que os termos da ata e os dados do PIB dêem boa indicação dos próximos passos do Banco Central na redução da taxa básica de juros. O tesoureiro do Banif Investment Bank, Rodrigo Boulos, diz que não espera nada excepcional na ata, mas diz que ela poderá dar dicas sobre se o Banco Central poderá acelerar a redução para 0,75 ponto porcentual na reunião de dezembro, a última do ano. ¿O corte de 0,50 ponto é uma certeza, a questão é saber se haveria disposição para reduzir 0,75 ponto.¿ Boulos comenta que a aposta em uma queda mais acentuada do juro básico seria reforçada se os dados que o IBGE divulga na quarta apontarem um crescimento negativo do PIB (soma de bens e serviços produzidos no País) no terceiro trimestre. A suspeita de que a economia tenha andado para trás no terceiro trimestre, comparado com o segundo, aumentou com a queda de 2% da produção industrial em setembro em relação a agosto, quando subiu 1,1%.

Um desempenho negativo do PIB no trimestre julho-setembro poderia levar o Copom a acrescentar uma pitada de ousadia na próxima reunião, mas por enquanto as estimativas do mercado convergem para uma redução de 0,50 ponto porcentual. ¿Talvez venha um número negativo, mas a maioria dos analistas prevê crescimento da economia no último trimestre¿, pondera Boulos.

Outro dado que vai atrair atenção é o referente ao superávit primário consolidado do setor público ¿ esforço fiscal do governo central, empresas estatais e Estados e municípios ¿ em outubro. O resultado do superávit primário combinado com os dados do PIB pode reacender o debate sobre os efeitos da política monetária sobre a atividade econômica, um dos fatores de agravamento da crise política.

Já o cenário externo ficou relativamente mais calmo, segundo o tesoureiro do Banif Investment Bank, depois que os integrantes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) indicaram que não pretendem exagerar na elevação dos juros de curto prazo americanos.

DÓLAR

O Banco Central divulgou nota no início da noite de sexta-feira para comunicar ao mercado a realização de um leilão de contratos de swap cambial reverso entre as 12 e 13 horas de hoje. A oferta está limitada, segundo o comunicado, a um total de 10.500 contratos, com valor financeiro de US$ 500 milhões. O leilão é o terceiro dessa nova rodada de oferta de swap cambial reverso e deve dar sustentação às cotações. No primeiro deles, no dia 18, o dólar valorizou-se 1,78% e no segundo leilão, na terça-feira, subiu 1,1%.