Título: Para Bernardo, debate é natural
Autor: Biaggio Talento, João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2005, Nacional, p. A6

CURITIBA - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi surpreendido na manhã de ontem, em Curitiba, com a manchete do Estado, falando de um relatório que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, teria preparado, com reclamações à atuação do Ministério da Fazenda. Como ela telefonou-lhe para remarcar uma reunião, ele aproveitou para questioná-la. ¿Até brinquei: você costuma falar as coisas `na lata¿ e agora vai fazer relatório? Ela falou: `eu não fiz relatório nenhum, não tem nada disso¿.¿ Para o ministro, é preciso minimizar episódios como o das críticas de Dilma, que considerou rudimentares as propostas de ajuste fiscal em entrevista ao Estado. ¿Há vários ministros cumprindo papéis diferentes e muitas vezes as funções diferentes colocam em pontos de vista diferentes e até opostos.¿ E afirmou que os debates são ¿naturais e salutares¿.

¿Mas alguns episódios podiam ter sido evitados¿, ponderou. ¿Se tenho um ponto de vista diferente de outros ministros, a pior alternativa é dar uma declaração, uma entrevista contra, expor isso, até porque as pessoas não entendem com precisão todas as nuances do debate, o que pode dar origem a mal-entendido.¿ Ele ressaltou, no entanto, que caso haja divergência entre os ministros, ¿quem decide é o presidente¿.

Para Bernardo, o ¿fogo muito grande¿ que o ministro Antonio Palocci vem enfrentando tem em vista a disputa eleitoral de 2006. ¿A oposição percebeu que, no ritmo em que está, o Lula, caso queira sair candidato, será um competidor fortíssimo¿, disse. ¿Por esse raciocínio, concluem que é melhor desestabilizar o governo, mesmo que isso desorganize a economia.¿