Título: Viúva de Toninho do PT quer PF na investigação
Autor: Ana Paula Scinocca e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Nacional, p. A13

A psicóloga Roseana Garcia, viúva do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, defendeu ontem que uma boa investigação a partir do depoimento do garçom denominado Jack deverá levar ao crime organizado e precisa ser feita pela Polícia Federal. Jack depôs anteontem em São Paulo a senadores da CPI dos Bingos. Disse ter ouvido conversas indicando que a morte de Toninho foi encomendada. "Ele repete a mesma história há anos. Se o que ele diz não é verdade, deve haver alguém por trás dele. Se é mentiroso, tem que ser desmascarado. Acho que não está sozinho nessa história. A algum lugar a investigação vai levar", comentou. Roseana crê que o depoimento pode apontar para o crime organizado, até envolvendo jogos de azar. Jack teria ouvido conversas sobre a morte do prefeito em um bingo de Campinas de onde foi garçom. "Essas coisas do crime organizado estão todas interligadas", alegou a psicóloga. Ela sempre insistiu que Toninho contrariou interesses de diferentes grupos.

O prefeito não permitiu a instalação de um bingo na cidade porque desrespeitava lei municipal determinando distância mínima de 500 metros entre casas de jogos. Depois de sua morte, o bingo foi autorizado pela sucessora Izalene Tiene (PT). Izalene disse ontem ao Estado que permitiu a instalação porque a autorização era anterior à lei municipal e a lei desrespeita a Constituição no que se refere à livre concorrência.

Para Roseana, não cabia à prefeitura questionar a lei em favor do bingo. "Estranhei que um governo petista saísse em defesa de casa de jogos", disse. "Norteei-me pela Constituição e pelos antecedentes do projeto. Nunca soube que o Toninho tinha proibido a instalação do bingo", afirmou a ex-prefeita.

Izalene não explicou claramente, porém, porque a prefeitura não esperou a lei municipal ser revogada antes de conceder o alvará. "Para um gestor, esperar pode significar não fazer", resumiu. O caso está na Justiça e ao bingo continua operando. Izalene concorda com Roseana sobre a motivação do crime. "Foi planejado", disse.

Embora tenha avaliado que o depoimento do garçom aos senadores levou o caso um pouco adiante, Roseana não revelou muitas esperanças sobre novas investigações. "Estou como São Tomé: só acredito vendo." Toninho foi assassinado em 10 de setembro de 2001. A quadrilha de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, é acusada do crime. Andinho sempre negou o assassinato. Outros três acusados morreram em confrontos com policiais. A Polícia Civil e o Ministério Público sustentam que o crime foi comum.