Título: Mercadante dirá a Lula amanhã que é candidato
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Nacional, p. A14

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), informa amanhã o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está disposto a concorrer como candidato ao governo de São Paulo, em 2006, mas espera o apoio do partido. Mercadante vai seguir o mesmo rito da ex-prefeita Marta Suplicy, que esteve anteontem em Brasília. Comunicará primeiro o presidente Lula, para depois oficializar sua pré-candidatura - o que deve acontecer neste fim de semana, em São Paulo, no mesmo local onde será lançada a campanha de Marta.

Procurado ontem à tarde, Mercadante não quis confirmar o que todo mundo já sabe: que ele é pré-candidato. Disse apenas que falaria sobre o assunto após a reunião com Lula.

O senador, que tem dividido seu tempo entre a responsabilidade de representar no Senado um governo atolado em escândalos e a busca por apoio dentro do PT para a disputa ao governo do Estado, tenta se firmar como nome de consenso.

Em entrevista concedida ontem pela manhã à Rádio Bandeirantes, Mercadante afirmou que vai trabalhar pelo consenso. "Eu vou trabalhar para que haja um pacto no PT em que a gente possa construir um nome de unidade. Mas essa é uma possibilidade concreta de apresentar o meu nome e colocar à disposição do partido. Se o partido achar que o meu nome ajuda a ganhar as eleições em São Paulo, eu acho que nós temos chances para isso", declarou. Mais tarde, disse não ter afirmado que era pré-candidato.

No rádio, o senador repetiu ainda um recado dado no discurso que fez na sexta-feira, no encontro municipal do PT de São Paulo. "Acho muito importante que a construção dessa candidatura seja feita não por projetos pessoais, mas por uma avaliação de quem tem mais chances, para que de fato se escolha um nome em sintonia com a nossa militância, que é o maior patrimônio do PT, e que de fato venceria as eleições".

Se o assunto é tratado com cautela por Mercadante, alguns de seus principais apoiadores não escondem os planos. "Achamos que o nome de consenso dentro do PT para o governo do Estado deve ser o de Mercadante, pois não queremos um terceiro turno das eleições de 2004 na capital", afirmou o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá.

Um dos principais articuladores da pré-candidatura de Mercadante, com o prefeito de Diadema, José di Filipi, Pietá tem buscado apoio de prefeitos e lideranças do interior.

"A capital (onde Marta tem maior força e é mais conhecida) tem peso enorme, mas ela representa um quarto do Estado. Há um consenso entre os prefeitos de que o Estado é muito maior que a capital", disse Pietá.

A idéia do grupo é que a escolha de Marta limitaria o debate eleitoral às discussões envolvendo sua administração na Prefeitura da capital.

Para os "martistas", é melhor discutir a administração do PT em São Paulo, do que a crise do governo Lula.

Pietá rebate: "Se há um petista que vai ficar fora das discussões sobre a crise do governo e do PT, ele está bem longe daqui."