Título: Em SP, cai a participação da capital na indústria
Autor: Nilson Brandão Jr.
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2005, Nacional, p. B16

Cidade concentrava 31,6% da produção industrial do Estado em 2000, mas essa fatia recuou para 26,5% em 2003

RIO - Em três anos, o peso da capital paulista, que já representou um terço da riqueza industrial do Estado de São Paulo, encolheu para 26,5%. O movimento ocorreu de 2000, quando a capital chegou a ter 31,6% do PIB industrial, a 2003, ano marcado pela economia fraca. Em contrapartida, saltou de 32% para 38% o peso das regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista e de São Paulo. Recentes descobertas de gás natural na Bacia de Santos deverão aprofundar a tendência de desconcentração industrial no Estado nos próximos anos. Um dos motivos para a mudança de perfil é a transferência de fábricas da capital para outras regiões do Estado. Este é o caso da tradicional indústria de alimentos Ceratti, criada em 1932 na Vila Heliópolis, que está transferindo as instalações para Vinhedo. A indústria triplicou as vendas nos últimos dez anos e precisava de mais espaço. A última parte da mudança vai em dezembro.

O neto do fundador, Mário Ceratti, que hoje dirige a empresa, explica que um dos motivos da transferência foi o crescimento da favela de Heliópolis. ¿Fomos envolvidos pela favela¿, diz. Segundo ele, a convivência tem sido pacífica, mas começaram a surgir problemas logísticos para fornecedores chegarem ao local, limitações de infra-estrutura e falta de alternativas para expandir a empresa.

¿A mudança das fábricas é um dos motivos, mas não foi o determinante¿, diz o chefe da divisão de estudos econômicos da Fundação Seade, Miguel Matteo. Ele explica que baixo crescimento brasileiro em 2003 acertou em cheio a indústria paulistana, que abastece o País com produtos industrializados.

Além da demanda fraca na própria capital e em todo o Brasil, os segmentos que mais avançaram desde o fim da década passada no Estado estavam, basicamente, em municípios fora da maior metrópole do País, nos ramos de petróleo, siderurgia e agroindústria, entre outros . Estes setores foram favorecidos por aumento de volumes, exportações e por cotações internacionais mais altas.

Isso explica, em grande parte, o avanço do peso relativo de municípios dentro de São Paulo. É o caso de Cubatão, onde funciona uma refinaria petroquímica, da região de Campinas, com refino de petróleo e açúcar, e de São José dos Campos, onde funciona a Embraer.

Os dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que os maiores ganhos no valor adicionado industrial no Estado, de 2002 para 2003, foram dos municípios de Paulínia (1,9%), São Bernardo do Campo (0,8%), Cubatão (0,7%), São Caetano do Sul (0,7%) e Jaguariúna (0,6%). De 2000 a 2003, o peso da capital na indústria cai de 31,6% para 26,5%. Já o peso das áreas fora das regiões metropolitanas paulistas fica praticamente estável, em 36%.