Título: Governo nega ter suspeitas sobre conduta do Estado
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

BRASÍLIA - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, negou ontem a possibilidade de o governo do Paraná ter fraudado as amostras coletadas do rebanho. ¿Não vejo a menor possibilidade¿, disse. ¿Não tenho nada de concreto para fazer uma afirmação como essa.¿ Ante esta negativa, o Paraná calou-se. Maciel admitiu, no entanto, que técnicos do ministério não participaram da coleta de materiais enviados para análise do Lanagro. E acrescentou que mantém a orientação de continuar investigando a suspeita de focos de aftosa no Paraná. ¿Queremos ter um resultado final com condições de ser auditado¿, comentou.

As investigações sobre suspeitas de foco no Estado transformaram-se numa verdadeira batalha entre o governo do Paraná e o Ministério da Agricultura. No fim de outubro, o ministério isolou 36 municípios paranaenses em razão dos indícios de haver animais doentes no Estado. Esses animais teriam tido contato com o gado de Mato Grosso do Sul.

No entanto, exames laboratoriais feitos com amostras coletadas no Paraná deram negativo. Ainda assim, o ministério insiste em manter as investigações.

Na quarta-feira, o governo do Paraná atacou o governo federal. O diretor-geral da Secretaria de Agricultura do Estado, Newton Pohl Ribas, disse que recebeu uma proposta de técnicos do ministério para que o Estado assumisse ter focos de aftosa. A estratégia teria o objetivo de recuperar a credibilidade internacional do Brasil, em razão da demora na divulgação de um laudo conclusivo. O ministério negou ¿veementemente¿ ter feito a proposta.

A reportagem do Estado apurou que a oferta existiu, mas não nos termos divulgados pelo Paraná. A idéia seria fazer o sacrifício sanitário dos animais da região como ¿prevenção¿. A sugestão surgiu na reunião de terça-feira, em Brasília, mas foi recusada pelo governo paranaense.

BATE-BOCA

Uma possibilidade de pôr fim ao impasse, segundo interlocutores da iniciativa privada, é fazer nova coleta de material. ¿Há uma briga política que prejudica todo o setor¿, comentou um empresário.

A situação deixou impaciente o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que cobrou uma definição de seus técnicos. Nesta semana, diante da ausência de resultados positivos, o ministério concordou em reduzir a área isolada. O ministro prometeu para a semana que vem uma posição definitiva sobre o caso do Paraná.