Título: Laboratório descarta fraude no Paraná
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

Segundo o Lanagro, se o Estado tivesse tentado fraudar os exames, já teriam surgido focos de aftosa na região sob suspeita

O Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará, que atestou a sanidade do gado do Paraná, descartou ontem a hipótese de fraude na coleta do material examinado. Segundo o chefe de Virologia do laboratório, Antonio Julio Delgado, se o material fosse de animais sadios, em vez de doentes, já teriam surgido vários focos de aftosa nas regiões isoladas no Estado. A informação de que o Ministério da Agricultura suspeita de fraude na coleta de amostras no Paraná foi publicada ontem no jornal Valor Econômico. A ação, que teria sido patrocinada por técnicos da Secretaria de Agricultura do Paraná, teria o objetivo de oferecer material não infectado para garantir a sanidade do rebanho. Em nota divulgada ontem, o ministério nega, ¿de forma veemente¿, a fraude e informa que ¿em nenhum momento cogitou essa possibilidade¿.

Para o Lanagro, a rapidez com que a doença se propaga é a evidência de que o Paraná está livre de aftosa. O exemplo de Mato Grosso do Sul, segundo Delgado, é ¿emblemático¿. Depois do surgimento de uma propriedade infectada, vários focos surgiram sucessivamente. Até ontem, eram 22 focos da doença em Mato Grosso do Sul. ¿A investigação sobre essas coletas devem ser feitas pelo Ministério da Agricultura, em campo. O laboratório apenas faz as análises de materiais que recebe, mas essa é uma doença que dificilmente alguém consegue esconder por muito tempo¿, declarou Delgado.

As dúvidas sobre as coletas recaem sobre a obtenção de soro dos animais. Segundo o Lanagro, o exame definitivo busca isolar o vírus de tecidos (epitélio) do animal doente. O exame no soro é complementar.

Delgado disse que, de 28 análises de soros, apenas uma acusou anticorpos. Segundo o Lanagro, não há indício da doença quando um exame apresenta anticorpos, já que os anticorpos identificados podem ser da vacina.