Título: Queda no número de miseráveis ainda não se reflete no consumo
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. B1

A indústria ainda não sentiu os reflexos da redução do total de miseráveis no País, segundo o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof. Na segunda-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio, divulgou que a miséria caiu 8% em 2004 no País, o que representa uma redução de 2,6 milhões no total de miseráveis. Tabacof destacou que a redução da miséria, apesar de ser uma boa notícia para o País, ainda não teve impacto perceptível na atividade econômica. Segundo o empresário, a melhora nas condições da população deveria ter se refletido de alguma forma no consumo de bens não-duráveis, como alimentos, bebidas, calçados e roupas.

No entanto, os dados da indústria paulista no ano não mostram avanços nessas áreas. Numa primeira análise, a explicação é que há uma série de fatores negativos que encobrem os supostos efeitos positivos da melhora da renda. É o caso dos juros altos, que acabam afetando de forma direta o consumo, a produção e a criação de empregos.

O limite do endividamento do trabalhador, que contraiu empréstimos consignados, também impede que a indústria perceba a queda no número dos miseráveis.

O cálculo da FGV teve como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).